O Clone
A novela o Clone aborda a questão das drogas de forma superficial, a exemplo, aliás, de toda a propaganda governamental. O erro é de origem. Parte do pressuposto de que os usuários são pessoas menos inteligentes do que as demais, posto que, apesar dos evidentes malefícios que as drogas acarretam, eles acabam fazendo a opção errada. Como se o problema fosse apenas de saber escolher o produto certo, na hora certa, como quem vai a um supermercado. A mensagem não sugere qualquer reflexão ou motivação mais profunda sobre o tema, capaz de motivar o abandono do vício pelos usuários contumazes, ou de inibir a curiosidade e a experimentação, em relação, principalmente, aos demais jovens, eventualmente sujeitos ao ingresso no fatídico mundo das drogas. A questão deveria alertar, de forma mais contundente, os elementos de caráter preventivo, entre os quais a importância da família como fonte de formação e aperfeiçoamento individual do caráter. A família como estabelecimento de crenças e de valores cristãos. A família, como orientadora e fonte primeira de discussão e do trato das informações que migram da sociedade para o indivíduo, e que são passíveis de exercerem influências tanto positivas como negativas. Ou seja, preparar nossos soldados, nossos filhos, para o bom combate. O que não significa desconhecer o excelente desempenho da Mel, personagem vivido pela competente atriz Débora Falabella.
Domingos Oliveira Medeiros
13 de abril de 2002
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