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Artigos-->Onde vamos morar? -- 13/04/2002 - 11:09 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Onde vamos morar?



Eu conheço apenas 4 cidades grandes no Brasil: Rio, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. As outras 15 pelas quais passei, por terem menos de 200.000 habitantes, não se enquadram (talvez) neste meu desabafo. Quem viajou mais, pode confirmar minha tese ou ilustrar uma teoria contrária, nos mostrando que nem tudo está perdido. Não tenho dados estatísticos, mas confio que meus sentimentos baseados em notícias ao longo do tempo e na visão diária dos bairros de minha cidade, devem estar bem próximos do que vou tentar expor com clareza.

Diversos especialistas já devem ter definido o perfil de uma cidade agradável, próspera e com boa qualidade de vida, com áreas determinadas para cada tipo de atividade praticada. Acontece que as autoridades jamais se preocuparam em seguir as orientações destes especialistas, pois existe um grande interesse em se manter um problema eternamente vivo, já que o mesmo rende regulares pedidos de verbas para combate-los e muitos votos quando ocorrem as eleições locais. Além do mais, em muitos casos a conclusão de uma obra de grande porte, fica para o governo seguinte. Quem a começou não deseja que o mesmo seja idolatrado pela mídia quando da inauguração da mesma. São estes tipos de seres egoístas que estão dirigindo nossos destinos há décadas. Além do mais, realizar obras à prestação permite velhas promessas, remendos nos orçamentos, novas "licitações", novos contratos, novas comissões. Poucos como Carlos Lacerda realizaram pensando num futuro superior a 20 anos.

Para um carioca acima de 50 anos como eu, é fácil constatar algumas aberrações estúpidas cometidas contra nossa cidade. Pelos idos de 1950 creio que nossa população estava em torno de 2 milhões de habitantes. Hoje, é provável que seja seis vezes superior. E a quantidade de postos de bombeiros, hospitais e outros tipos de serviços nem chegaram a dobrar. Os poucos que existiam foram abandonados e sucateados. A alta demanda impede que se programe manutenções periódicas. Temos de contar com a sorte para que não ocorram enchentes, incêndios e epidemias contínuas. Gabaritos de construções foram desrespeitados em diversos bairros, saturando o trânsito local e adjacências. E chegamos a este ponto pela irresponsabilidade das autoridades ao longo dos anos. No início da construção do metrô, incentivaram o recrutamento de operários (mão de obra barata) vindos das partes mais pobres do país, iludidos pela esperança de obter uma vida melhor longe da terra natal, também abandonada pelos dirigentes locais. Terminadas estas obras, menos de 2% dos recrutados retornam às origens. Cultivam raízes (chegam a trazer o resto da família com 5 ou 8 filhos) na cidade grande e rezam para obter novos empregos do mesmo porte. Não conseguem boa condição de sobrevivência e criam as favelas sem planejamento, sem segurança para as moradias, sem rede de esgoto, sem saneamento controlado. O trânsito torna-se instrumento de tortura, faltam vagas em hospitais e nas escolas. A coleta de lixo torna-se inadequada. Bueiros do tempo do império não dão vazão às águas pluviais. Está montado o cenário ideal para dirigentes corruptos criarem nomenclaturas de ações sociais para solicitarem verbas ao governo central e às ONG s internacionais. Ações estas que não serão cumpridas pois os recursos que sobram (após retiradas a s "comissões") não são suficientes para atender à demanda. Alguém já viu algum governo de qualquer área do Norte ou Nordeste ter terminado com a seca nos últimos 60 anos? E olha que conseguimos extrair petróleo a mais de 300 metros de profundidade. Mas não existe interesse em puxar água que escorre 20 metros sob nossos pés! Pensam estes dirigentes que o povo massacrado por estes problemas que dificultam sua sobrevivência não terão tempo de acompanhar suas ações danosas aos cofres públicos. De certa forma tem razão.

E assim, a cidade principal tem seu encanto arranhado, degrada, perde receita com a fuga dos turistas. Os habitantes que podem, mudam-se para cidades menores como Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, distantes menos de 120 km da capital, cujos dirigentes já herdaram os ensinamentos maléficos de conduta pública e reproduzem em menor escala, o mesmo caos do principal núcleo do estado. E já não podemos contar com a intenção de refúgio numa aldeia indígena, pois as mesmas estão sendo reduzidas pelas fronteiras das terras improdutivas dos poderosos que se encastelaram no poder.



Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Abril / 2002

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