Recorrer ao FMI ou correr do FMI?
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Recorrer ao FMI, para saldar compromissos, apesar de compreensível, merece algumas considerações. O FMI detém o monopólio destes empréstimos. Sem concorrência, os países estão obrigados ao cumprimento de determinadas condições. A adoção do dólar como referência transforma o devedor em refém das variações cambiais. A cada aumento do dólar, a dívida sobe, até a quebra da paridade contratual. O ideal seria aumentar a concorrência na oferta desses recursos. Depois, considerar outras moedas como referencial, eliminando a hegemonia americana. No caso do Brasil, o empréstimo poderia ser contraído e pago em reais – ou mesmo em dólar - desde que a devida conversão fosse feita na data do empréstimo. As variações cambiais futuras ficariam de fora. O que não se concebe é que determinado empréstimo, equivalente, ao preço de hoje, a 20 milhões de reais, passe a valer 30 milhões, decorridos, apenas, alguns dias da assinatura do contrato. E siga neste crescendo, à cada aumento do dólar, desfigurando o objetivo do empréstimo e perpetuando a dívida. É preciso humanizar as regras do jogo econômico. Isto é covardia. O próximo presidente, além de questionar o valor da dívida, ou seja, atuar nos seus efeitos, precisa voltar-se para seus erros de origem, suas causas, e procurar alterar as regras do jogo, que são infinitamente prejudiciais aos devedores. A Argentina que se cuide. E o Brasil que abra o olho.
DOM - 12 de ABR de 2002
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