Usina de Letras
Usina de Letras
172 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62268 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50658)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->O MATUTO E A SAFADA -- 10/04/2004 - 21:28 (Marcodiaurélio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O MATUTO E A SAFADA

Vou contar em poucas linhas
uma estória de amor,
que se deu sem muita dor
em uma cidadezinha.
Era de tardezinha,
boca-de-noite aberta,
quando o coração aperta
e todo horizonte cora,
no ocaso um anjo chora
nessa hora tão incerta.

O rapaz era vistoso,
um grande trabalhador,
ela, uma bela flor
fazia o casal formoso,
num minuto glorioso
d’olhos que se encontraram
e os dois se apaixonaram,
e em três dias se deu,
de Julieta e Romeu
assim se amancebaram.

O problema do casal
ainda não tinha sido,
de todo bem resolvido
lá no fundo de seu mal.
O matuto e desigual
era tão inocente,
não sabia que o presente
tinha vindo da cidade,
corpo sem castidade
com o selo tão ausente.

Apostou tudo que tinha
do presente no futuro,
e de seu trabalho duro
fez carretel e linha,
naquela bela mocinha
depositou emoção,
tricotou com o coração
o seu sonho mais dourado,
ficou todo abobalhado
parecia um meninão.

Ele era um tabaréu,
rico, afortunado,
sozinho e desolado
debaixo do azul do céu.
Já ela, era uma incréu,
uma menina levada
que na alta madrugada
de namoricos vivia,
acordando ao meio-dia
como fruta amolegada.

Nenhum moço a queria,
por conta de sua história,
pois isso não era glória,
sair com ela de dia.
A rapaziada via
naquela mocinha linda,
junto com sua sina
apenas um corpo feito,
o volume de dois peitos
e duas mãos femininas.

O matuto não sabia,
não era de seu alcance,
sua vida era outro lance
em seu sol no dia-a-dia.
A paixão assim fazia
um refém a mais no mundo,
e não era um vagabundo
nem um ser pecaminoso,
o rapaz era formoso
não merecia ir fundo.

Assim, mesmo inocente,
achou que estava certo,
acabava-se o deserto
d’uma vida penitente.
Passou a ser vivente
de seu sonho mais querido,
agora era o marido
de um coração aberto,
nem sabia que por certo
seria um corno ferido.

Ela, amedrontada,
em sua mãe procurou,
diminuir o horror
a que era tão levada.
Receosa, desgastada,
com o medo de perder,
não seria fácil ter
um marido afortunado,
e já tinha um do lado
difícil era prender.

Sem a sua virgindade
por falta de garantia,
ela à sua mãe pedia
um efeito de verdade,
que por sua caridade
uma idéia encontrasse,
que sua noite salvasse
seu marido, seu futuro,
e que no quarto escuro
o melhor se consumasse.

Esconder seu segredo,
não seria fácil, não,
mas aquele partidão
perdê-lo fazia medo.
Não queria o degredo,
de ficar no caritó,
morrer velha e tão só
não seria boa sina,
mesmo pr’uma menina
que da cana chupou nó.

A mãe, velha letrada,
aceitou em ajudar,
começou a trabalhar
numa trama bem traçada.
Uma garrafa lavada,
seca, sem umidade,
cortiça só de verdade
entre o colchão e a cama,
é o começo da trama
para dar realidade.

Amarrada no dedão
uma embira de pano,
na rolha que sai do cano
entre a cama e o colchão.
Na hora do empurrão
puxe a rolha com força,
reze e depois torça
para ele perguntar,
do tiro que a rolha dá
no resultado da trouxa.

Não acenda o lampião,
deixe ele espantado,
duro, arrepiado,
com o coração na mão,
pra fazer o perguntão:
Que diabo é isso mulher?
uma coisa fria me quer,
e me deixa em embaraço,
você diz: foi o cabaço
isso é coisa de mulher.

Nessa altura do moído
o diabo comeu queimado,
o matuto arrepiado
fez o maior alarido,
berrou bem alto um pedido:
ouvido de norte a sul,
aqui só tá eu e tu,
vá me chamar o doutor,
pois seu cabaço entrou
direitinho no meu c’ ...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui