ÊXTASE
O candelabro aceso no recanto da sala,
deixava que sombras se formassem,
na penumbra que cobria aquele recinto
só nosso.
A tua figura qual carvalho imperial
no destaque de sua elegância,
não escondia a fragilidade de que fora,
atingido pelo raio fulminante, da reciprocidade de nossos desejos.;
do roçar da pele nua, igual a desprotegida pétala da rosa,
que exposta as carícias de mãos sedentas do seu aveludado...
grita carinho....assim, nos consumíamos...
Nossas silhuetas agora tão próximas uma da outra,
uniam-se num som único de suspiros, dele aspirando
o cheiro natural de nossos corpos,
que transpiravam o calor umedecido de nossas ânsias,
cavalgada sobre os graciosos corseeis dos nossos sonhos,
que soltos nas campinas verdejantes do delírio,
conduzia-nos a percursos infinitos da entrega total do amor.
E quando nossos corpos se tornaram um,
na homogênea massa do nosso querer,
o recheio de mel do prazer, nos proporcionava um degustar,
com sabor dos frutos do conde, que derretem seu sumo
ante o toque do paladar.
Permanecemos ali, juntos, como elos de correntes que une forças...
Agraciados por tão rico êxtase, nossa pulsação recobra o seu controle...
é hora do aconchego silencioso, abandonado aos gestos de ternura.
Presencio o teu adormecer entregue em meus braço,
como a luz do sol, rendida ao final da tarde.
O teu rosto tão belo, descansa sereno, adornado pelos meus beijos,
que deixa teu semblante sorri a paz de um interior, alimentado pela certeza do amor...
Apaguei as velas do candelabro, juntei nossas taças,
ainda com vinho, testemunha da embriaguez das nossas vidas,
e sussurrei juras do meu bem querer, tão afloradas a minha pele,
e, de joelhos ao teu lado, ergui uma prece de gratidão aos céus pela tua vida,
e por merecê-la ter junto a mim, ainda que irreal. Meu anjo.
Embalei teu sono nos acordes dos batimentos do meu coração... e adormeci também.
Jair Martins / 27.03.02 - 23:53h
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