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Contos-->Ana -- 09/08/2000 - 11:00 (Lígia Rodrigues dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E então ela chorou. Não pela dor da separação. Sim, separar-se doía, mas não era a causa do choro.
A dor maior, o aperto na garganta, o motivo das lágrimas era o ser mais um.
Até quando? Até quando? perguntava-se. Como se em seu íntimo soubesse a resposta.
Assim, perdida no meio daquela praça, o mundo parecia não existir. Mas existia, e ela sabia disso.
E deveria parar de chorar,e enxugar as lágrimas, e recompor-se e viver...
Tudo isso tem um começo, mas qual era ele? Por mais que se tenha experiência, cada fim de um caso de amor, paixão ou afeto é único e geralmente doloroso.
Amou a todos, porque não sabe o que é paixão. Saber sabe, mas só de ouvir dizer. Não sabe o que é perder a razão... deixar de ver os defeitos...
Porque nunca, nunca apaixonara-se. Sempre, sempre, sempre, sempre amara e amou a ama e amará e amaria mais mil anos se vida houvesse pra viver.
O primeiro roncava e era muito machão; o segundo distrído, nuca lembrava as datas importantes; o terceiro vivia de aventura; o quarto... lembrava-se de cada defeito. Porque amar é assim: sabe-se cada falha e as odeia, mas as qualidades são tantas!
E lembrava-se também da qualidades, dos beijos, de todas aquelas mãos que percorreram seu corpo, todas, inclusive as femininas.
Seu corpo estava marcado por cada cheiro, cada toque, cada orgasmo.
Mas, diante de tudo isso, estava a separação. A solidão a esperava, assim como o mundo lá fora.
Se estivesse a beira do óbito e o anjo da morte lhe perguntasse se valeu a pena, não saberia responder. Como saber?
Sim, porque amei e fui amada por toda vida!
Não, porque tudo acabou um dia!
Mas, tudo acaba um dia, só Deus que não. Este sempre foi e sempre será.
E por que sua maior criação, seu orgulho, por que o amor tem que acabar?
Porque talvez não seja amor.
Que bom, pelo menos tenho o consolo da dúvida. TALVEZ eu nunca tenha amado na vida. Quem sabe?
E nesse devaneio já subia as escadas em direção a seu apartamento quando cruzou com o vizinho.
Mais um especial, mas este era mais especial que os outros.
Franzino, coitado. Era meio feio, mas a venerava.
Muito inteligente, educado, divertido. Tornava a vida simples, bonita e efêmera.
" ...Mesmo amor que não compensa, é melhor que a solidão... " tocava alto no apartamento de outro.
Este valia a pena, seria algo pro resto da vida, talvez, bastava olhar diferente.
Ele se aproximou e foi direto, exato:
- Agora que te abandonou, vai me dar uma chance de te fazer feliz?
Não houve resposta. Quer dizer, não com palavras. O beijo foi longo, intenso, excitante. Já haviam se beijado antes, mas desta vez tinha gosto de lágrima e felicidade, tudo junto.
E quando acabou ela disse: - Não!
Entrou em seu apartamento e ao trancar a porta encostou-se nela, olhou para o teto e suspirou aliviada.
Enfim, gostava de ser infeliz.
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