Extenuado jazia na ilha,
O homem que ilhado vivia.
Salvou-se da borrasca bravia
Nadando da forma que podia.
Na areia, a ouvir o silvar do vento,
Percebeu num momento
Que pior era o vazio da alma
Do que aquele que o cercava.
Não era a fortaleza que pensava.
Por uns olhos verdes, duas esmeraldas,
Perdeu-se no oceano da melancolia,
Sem bússola, nele ficou à deriva...
Perdido na solidão das horas,
Cercado pelo mutismo da voz amada.
Seco, sem lágrimas não chorava,
E sem palavras não mais orava.
Fantasmas cruzavam a todo instante
A praia interior, onde ele naufragara.
Pediu ao céu que o resgatasse
Libertando-lhe a alma para salvar o corpo.
Depois da prece, no horizonte vazio,
Brilharam luzes de cores diferentes,
E com o coração em calmaria,
Viu, além, a Mão em forma de navio...
06/06/03.
|