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Cordel-->AO CORDEL -- 28/08/2001 - 04:04 (joão rodrigues barbosa filho) |
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Como é bonito escutar
O som de uma viola
E um cantador a cantar
Sem nem ter ido a escola
E em versos falar
De qualquer parte da história
Como é triste não guardar
Em um canto da memória
Da linguagem popular
O que foi dito na hora
De versos a improvisar
Bem depressa, sem demora
Aí me vem uma saudade
Para ocupar o meu peito
E ela não tem idade
E também não tem defeito
Nem tem dó, ou piedade
De meu sofrer, desse jeito
Leio o Chico Traíra
Exaltando o sabiá
Não exalta o cambaxira
Por não ouví-lo por cá
E outros que estão nas tiras
Lá na terra de Alencar
Isto aqui não é poesia
Que se possa aproximar
Daquelas, daqueles dias
Em que se ouvia o cantar
Em todas as freguesias
O repentista entoar
Louvo a Deus na minha terra
Por ter me feito escutar
As rimas de aquarela
Qual um pintor, a pintar
E de gente tão singela
Que tinha o dom de criar
O progresso foi chegando
E muito fez esquecer
A viola definhando
Já a ponto de morrer
Foi aos poucos caminhando
Se fazendo fenecer
Louvo a Deus e vou louvando
Por todo esse viver
E com ele vou lembrando
Jamais consigo esquecer
E continuo aguardando
Que de novo possa ver
O grande cego Aderaldo
Do Assaré, Patativa
E outros da Cordilheira
Era um tampo dourado
De mentes tão criativas
Inácio da Catingueira!
Valor tem e não se tira
E nem se bota defeito
Usando corda de imbira
Cada um faz do seu jeito
Mas nos versos de Traíra
Não vi de nada imperfeito
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