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Contos-->A CARTEIRA DO BETI -- 17/02/2003 - 08:17 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CARTEIRA DO BETI
JB GUIMARÃES
Abro minha carteira. Dentro dela uma bula de remédio, um bilhete corrido, quinze reais e um cartão de visita. Guardo a bula para ver se consigo duas caixas de ranitidina, amostra grátis, para quem já está com o estômago corroído pela cachaça. O bilhete há muito já não confiro. O número de premiados é desprezível. Os quinze reais me assustam e aliviam. Por sete se matam na periferia da cidade. Alegra-me, contudo, o cartão de visita que recebi de um xará que assina Pacheco. Ele representa mais uma amizade.
Aproximo-me de um cruzamento. Preciso de uma moeda. Mais uma vez, abro a carteira. Quero evitar aquele constrangimento de ouvir argumentos banais de garotas e garotos bem nutridos. Sinto que eles também ficam envergonhados. Mas são forçados, por um costume discutível, a pedir dinheiro nas esquinas para bancar festas para estudantes inveterados. Desta vez, porém, faço menção em dar a moeda, por vergonha, naturalmente. Eis que deparo-me com o “trote” cidadão. A palavra de ordem é ética, cidadania e educação; o grito geral é “faça valer os seus Direitos!!!”. É a turma de calouros do Direito da UFU. Merecem elogios... bem como merece elogios o estudante que luta pelo real sentido das carteirinhas (meia-entrada). Uma boa formação cultural, no presente, evita, no futuro, as "carteiradas".
Para fazer valer os seus direitos, por causa de uma carteira, Beti teve muitos aborrecimentos. Beti é professora do ensino público. Ela, de Franca, e tantas outras, de outros lugares, vieram passar um Carnaval diferente em Uberlândia. Se dispuseram a participar por 10 dias ininterruptos, inclusos sábados, domingos e feriados de Carnaval, de um treinamento em informática, patrocinado por uma empresa da iniciativa privada.
Com estadia paga, hospedou-se num dos melhores hotéis da cidade. Um malandro bem trajado consegui circular pelo hotel, entrou em vários apartamentos e, no dela, surrupiou a carteira que continha alguns trocados, talão de cheques e cartões de crédito. Quando deu pela falta, imediatamente acionou a polícia para fazer ocorrência. A Polícia atendeu a chamada. Mas, inexplicavelmente, a viatura foi dispensada pelo hotel. Beti relatou-me o seu calvário: “ curso – polícia – delegado — hotel — banco — polícia...”
Ao fim de cinco dias, depois de vários empurra-empurras, de Franca, por telefone, ela recebeu a notícia de que haviam encontrado a carteira. Um gari a recuperou na central de lixo. Abriu-a e nela ainda se encontravam os documentos pessoais mas não havia endereço. Apenas um pedaço de papel com um número de telefone.
Ora! se não tivesse o número, com os dados pessoais consultaria listas telefônicas; órgãos privados ou públicos, que mantêm endereços atualizados de pessoas; enfim, faria de tudo para encontrar a dona dos documentos. Teve sorte. O telefone poupou-lhe este trabalho. E com toda essa facilidade ainda foi gratificado.
Carteiras perdidas sempre nos trazem transtornos, senão grandes aborrecimentos de outras naturezas. Eu mesmo perdi a minha carteira de habilitação. Fiz pedido de segunda via. Paguei estritamente, — absolutamente —, aquilo que era legal pagar. Pois não cabe gratificação. Dias foram, e nada de carteira. Por sorte encontrei a que perdi. Daí, não mais procurei a segunda. É possível que caso igual ao meu ajude a explicar um dos motivos pelo qual mais de duas centenas de carteiras de habilitação foram esquecidas no DENATRAN.
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