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Contos-->A VACA LOUCA -- 17/02/2003 - 08:16 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VACA LOUCA
JB GUIMARÃES
Antes de entrar no assunto da vaca, quero falar sobre uma pessoa. No shopping, encontrei com Duda. Filha de mãe paraibana e de pai mineiro, Duda não negou a raça. Ela veio das gerais, fez o Colegial em Uberlândia, Comunicação na PUC do Rio, estágio na BBC de Londres e alguns estudos específicos no Canadá. Hoje trabalha, numa empresa de comunicação, em Brasília. No prazo de um café, mostrei-lhe o texto que acabara de escrever e pedi a sua opinião. Dispensei elogios. Queria crítica sobre conteúdo e forma — isso é comum em principiantes.
Duda, prontamente, iniciou a leitura. Fiquei observando as reações faciais. Do início ao fim, manifestou três sorrisos. Então disse a ela que estava satisfeito; que ela não precisava dizer nada. Mas disse-me:
— É claro que um texto tem regras de construção, mas acho que você deve realmente explorar e aperfeiçoar o que lhe é próprio.
Exagerou! Mas sigo os conselhos de Duda, logo dela, que já esteve até no Canadá. Espero não arranhar a sua reputação.
O texto que ela leu — uma sátira— diz respeito a um machista convicto; um fazendeiro divorciado, criador de “girolanda”. Relatei o que ele havia feito por ela, seguido de lamúrias repetidas e de palavras absurdas. Não sabia de quem o fazendeiro reclamava: se de mimosa, uma holandesa “P.o” ou se de Jane, a ex-esposa? Tire as suas conclusões:
“— Logo ela! Dei-lhe teto, cama e água fresca, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato da Bombardier e foi parar no Canadá.
Vaca! Louca! Vaca!
Todos os meus sonhos investi naquela vaca. A começar pelo leite que daria a meus filhos, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato da Bombardier e foi parar no Canadá.
Rameira! Safada! Pérfida!
Fiz cobertura com estacas de aroeira em estilo colonial, ambiente climatizado e ducha de hidromassagem, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato Bombardier e foi parar no Canadá.
Ingrata! Maldita! Perversa!
Paguei profissional para ensinar-lhe compostura, dermatologistas e os melhores profiláticos, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato da Bombardier e foi parar no Canadá.
Vadia! Traidora! Falsa!
Quantas vezes a levei às feiras: Camaru, Rio, São Paulo. Comprei-lhe brincos, colar e títulos, mas ela não considerou. Pulou a cerca entrou num jato da Bombardier e foi parar no Canadá.
Leviana! Tola! Babaca!
Nunca a privei de liberdade. Vivia solta, mandei fazer um carro personalizado e pus motorista particular, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato da Bombardier e foi parar no Canadá.
Canalha! Desleal! Estúpida!
Hoje choro o leite derramado. Adquiri a vaca de papel passado. Pegaram metade do que eu tinha, mas ela não considerou. Pulou a cerca, entrou num jato da Bombardier e foi parar Canadá.
Megera! Saranga! Tapada!
Deixa estar. Um dia vingarei. Aos canadenses, a respeito das qualidades dela, falarei. Hotéis, lares, restaurantes, lanchonetes vão providenciar a sua deportação. E mesmo que recorram à Embaixada ou até mesmo à Presidência, ninguém vai conseguir melhorar a sua reputação.
Vaca! Louca! Vaca!
Logo ela! Dei-lhe teto, cama e água fresca mas ela não me deu satisfação.
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