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Cartas-->20. PARA MINHA AVOZINHA -- 06/05/2001 - 08:11 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A bênção, Vovó Frida:

Poderei parecer muitíssimo frio ao conversar com a senhora, porque o nosso relacionamento sempre foi carinhoso, quando a senhora me embalava como a alguém duplamente filho.

Meu pai, seu filho, sempre fez questão de nos deixar, os três irmãos, para a senhora cuidar, enquanto saía com mamãe ou depois da morte dela. Dessa união de tantas horas, nasceu o meu respeito, que persiste ainda hoje, quando acompanho a sua longa velhice.

Sei que a senhora não precisa deste estímulo do etéreo, porque confia na benevolência e na justiça de Deus. A senhora sabe muito bem que a dor e o infortúnio ficam muito mais com os que sobrevivem do que com os que partem em busca de outras aventuras existenciais. Entretanto, nunca haverá de ser demais dizer-lhe para que se prepare um pouquinho a cada dia para o próximo evento, lembrando-se com maior felicidade e nostalgia dos entes queridos que se perderam pela estrada da vida, pondo de lado a tristeza de uma saudade dolorida e depressiva.

Se a senhora criou um halo em harmonia com a natureza, porque a sua velhice se coaduna com tudo o que ambiente lhe proporciona para garantir paz e tranqüilidade, deixe um pouco a voracidade da mesa, nessa ânsia da pobreza que se vê, um dia, diante da fartura, ainda que numa casa de repouso patrocinada por familiares mais abonados.

Estou cheio de dedos para oferecer uma descrição mais completa dessa espécie de abandono em que a deixaram; o que de pior fizeram, pode minha avozinha querida acreditar, foi deixá-la sem perspectiva outra de vida além de transpor as portas da instituição diretamente para o campo-santo. Mas essa revolta deveria compensar-se pelo fato de que as pessoas mais jovens não têm como aceitar as idiossincrasias das pessoas educadas e experimentadas em ambientes completamente esquecidos na nova civilização onde vivem.

Se aos oitenta e tantos a senhora ainda puder decifrar o que diz este neto, que acima chamei de frio, saiba que as visitas não podem acompanhar-se de lágrimas, quando os que estão ao seu lado no plano da espiritualidade estão vibrando com o muito amor que sentem pela senhora.

Peça para que lhe tragam livros e que alguém os leia ao lado de sua cadeira de descanso, nessas longas horas em que o máximo que se obtém da vida é um estado de contemplação idiota de um mundo meio apagado pela catarata. Quem sabe o reflexo de algum pensamento de superior definição espírita possa predispô-la para uma passagem menos conturbada.

Beijo-lhe as mãos, agradecido, rogando para que os corações dos parentes se avivem para a percepção de que em seu peito bate o coração que um dia palpitou de felicidade por todos nós.

A bênção, Vovó Frida!

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