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Cronicas-->Bolodório -- 15/11/1999 - 10:29 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Escolinha do Barulho da Record tem um personagem herdado da escolinha da Globo, que inicia sua participação dizendo ao professor:

- Não me venha com bolodório.

Nada mais oportuno. O bolodório parece dominar nosso dia a dia e temos que ouvir besteiras o tempo todo. E as argumentações são impressionantes. As discussões e debates sempre produzem farto material para análise de quem tenha tempo e se disponha para observá-los. Colocando-se em uma situação neutra, preferencialmente sem ser visto, sempre é possível divertir-se com a quantidade de besteiras que anda pelo ar. As expressões não são novas. "Ora veja", "Veja bem" e "Até porque" são gastos aos milhares. A conversa segue com demonstrações de erudição e polidez, cada um defendendo um ponto de vista.

Há algum tempo, não sei exatamente onde, li que primeiro a gente decide e só então busca os argumentos. Se à primeira vista isto parece um absurdo, após alguma reflexão haveremos de concordar que isto ocorre muitas vezes - se não sempre.

Naturalmente é difícil de reconhecer que decidimos por impulso, com nossa intuição, nossos preconceitos e reservas. Se é necessário defender a decisão, as vezes precisamos nos desdobrar em explicações nem sempre aceitas com naturalidade. Há que ter argumentos e aí começam os problemas. Quando os temos e são aceitáveis o assunto se encerra. Quando não, há que ter criatividade. Mas nem tanto, pois, por incrível que possa parecer, as pessoas aceitam tantas besteiras a título de argumento irrefutável que não fica difícil defender um ponto de vista, ainda que polêmico.

Há casos em que, mesmo sem achá-los, mantemos a decisão. Há também algumas pérolas de argumentos como: "Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa" (não vou citar o autor mais por esquecimento do que por caridade). Mas não se vê aqui uma pérola do pensamento do século vinte? Ou será apenas uma prévia do próximo milênio? Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Límpido, cristalino, não poderia ser mais claro. Com um argumento destes que causa haveremos de perder? Muito elucidativo. Se acrescentarmos um "Não é?" desconcertamos o interlocutor que não terá nada a dizer exceto uma concordància sincera ou mesmo disfarçada. Melhor seria uma gargalhada, mas geralmente falta coragem.

Mas há outras argumentações muito usadas:

Questão de princípio. Como este pessoal com certa cara de pau tem princípio. Alguns tem até mais. Não satisfeitos com seus princípios invocam a postura. Não, não se trata da postura da galinha, nem a posição do corpo. É a postura. A postura em si, entende? O clássico "São ordens superiores" já foi mais usado, mas ainda faz sucesso. Facilita muito a vida de quem o usa, pois além de dispensar a explicação ainda indica que ele tem ligação com os superiores de onde emanam as decisões.

Claro que sempre existe a possibilidade de dizer que o interlocutor não entenderia, ou fazer uma cara daquelas de anjo e pedir um voto de confiança. Esta alternativa serve também como complemento para o "não posso explicar". Como negar a confiança a um interlocutor tão honesto e sincero?

Sendo assim, como diz o baiano da escola, não me venha com bolodório.


Escrito em 13.11.1999
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