Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50669)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->KOELLREUTTER E A MÚSICA DA CORTE JAPONESA -- 09/11/2015 - 11:15 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

                                                                                                                                      KOELLREUTTER E A MÚSICA DA CORTE JAPONESA                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      L. C. Vinholes  



Depois de mais uma visita ao Japão, o compositor, regente e flautista H. J. Koellreuter foi convidado a escrever um artigo sobre tema de sua escolha, para o periódico Cultuarte, órgão do Grêmio dos Alunos do Conservatório de Música de Pelotas. Koellreutter que, em novembro de 1951, regera o coral daquele estabelecimento de ensino formado por alunas do curso de canto da professora Lourdes Nascimento, acedeu ao pedido e escolheu como tema o da sua experiência ao assistir a um dos poucos concertos anualmente promovidos pelo Departamento de Música do Palácio Imperial de Tokyo, dos quais a participação do público é exclusivamente mediante convite.  O sucinto, mas informativo texto assinado por Koellreutter, foi publicado em 1º de maio de 1955, no n° 13, Ano I, do referido periódico, chamando a atenção para aspectos históricos, para os instrumentos utilizados e para as características da música que “possui estranha afinidade com os mais novos princípios estéticos da música ocidental”.  Na página 2 daquele Cultuarte, sob o título “Gagaku a antiga música da Corte Japonesa”, figura, em maiúsculas, o nome de H. J. KOELLREUTTER, seguido da credencial pela qual se tornou conhecido nos anos 1950/1960 ou seja a de Diretor da Escola Livre de Música da Pró Arte , de São Paulo, e, finalmente, o texto reproduzido nos parágrafos seguintes.  “Foi uma inesquecível tarde, aquela em que tive a honra de assistir, no Palácio Imperial, a uma audição de “Gagaku”, a mais antiga música do Japão. É a música cerimonial da Corte, conservada, até nossos dias, por algumas poucas famílias, especialmente convidadas pelo Imperador. Há séculos, essa antiga tradição musical passa de pai a filho, sendo transmitida com o máximo rigor. Desde o ano de 453, aproximadamente, o “Gagaku” veio da China, durante o período da dinastia Tang, desenvolvendo suas formas até o ano 700, mais ou menos. Desde essa época, com pouquíssimas exceções, a evolução desse gênero de música estagnou-se, tendo sido conservadas as suas formas, até hoje, nos mesmos moldes de então.  É música pura, de extraordinário poder expressivo. A absoluta falta de “perspectiva” tonal, o emprego de microsons de várias espécies e de um grande número de outros efeitos sonoros, assim como a absoluta precisão rítmica, que, no entanto, foge à organização do metro, caracterizam um mundo sonoro de singular beleza. Uma linha melódica, monótona e ao mesmo tempo cativante, executada pelo “Komabue ”, uma flauta transversal , de origem coreana, é acompanhada, à maneira de órgão medieval, pelo ‘Sho ”, pelo instrumento de sopro, composto de 17 tubos de bambu, cujos acordes, formados por quintas e segundas, sustentam a harmonia dos modos pentatônicos. Uma grande variedade de instrumentos de percussão acompanha, com consciente economia de meios, o conjunto de sopro comentando, sem preocupação efeitivista de maneira livre, mas exata, o canto dos instrumentos solistas. Ao famoso “Koto ” e à “Biwa ” instrumentos de 13 e 4 cordas, respectivamente, é atribuído o papel de intermediários entre os instrumentos harmônicos e rítmicos.  Sem nenhuma espécie de polifonia, desconhecendo por completo o princípio da imitação, o “Gagaku”, representa uma música monódica de rica feição e aristocrática pureza, que só pode ser comparada à nobreza de canto gregoriano. O caráter é grave e severo, mas a melodia desenvolve-se dentro de um orgânico princípio de variação. O conteúdo da antiga música japonesa, como também da Índia, revela uma atitude espiritual que possui estranha afinidade com os mais novos princípios estéticos da música ocidental. É que o aspecto “pré-perspectivo” dessa arte se aproxima consideravelmente ao “aperspectivo” da música hodierna, com sua simplicidade primivista e elementar e sua grande concentração da ideia musical.”


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 10Exibido 622 vezesFale com o autor