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Cronicas-->Sábado de festa na rua -- 09/11/2002 - 19:20 (Aldo Votto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O inverno, que está indo embora, resolveu regalar a cidade com um dia de primavera antecipada. A luz do dia equivalia a milhares de relàmpagos simultàneos e a temperatura era igual a de um abraço. O céu composto de tanto azul fez um avião decidir parar em pleno ar.

Caminhar no centro da cidade era um enlevo. Ver as gentes e seus sorrisos, entender o sol com um prêmio indeclarável por estar vivo e ouvir os sons da rua não eram mais do que o possível no sábado de festa.

Estar ali, parado, assistindo o desfile da festa de rua era pouco mais do que um privilégio. O motivo da comemoração eram as várias facetas de uma nação múltipla de influências e tesões.

E vieram os passistas da Itália com suas roupas coloridas e suas faces cor-de-rosa, seguidos dos alemães e seus olhos de mares e céus. Depois deles, a Arábia, paramentada de véus e olhares brilhantes, introduzia os bordados coloridos sobres as camisas brancas da Ucrània. Misturados a eles, vinham os representantes de muitos estados brasileiros. E me vi dançando, sem me mover, com o xote carreirinho da minha latitude natal. E, de repente, entendi: meus filhos, crianças abaixo de um metro de altitude, são filhos de todas essas heranças. E me emocionei. Percebi, antes deles, muito antes que eles perceberão, quantos e quais os `"avos" de sangue que seus avós os legaram.

Mas foi só quando vi o bumba-meu-boi do Maranhão, que me chegaram as lágrimas ao fundo do olho e do peito. Foi quando percebi que todo o atavismo emigrado que compõe minhas entranhas e o conjunto do ser dos meus filhos estão emparelhados com a brasilidade distante do homem pequeno e moreno do Nordeste do meu país. Foi só então que vi o quanto os Silveiras e Souzas perdidos em dezesseis partes dos meus gens são o que de mais forte e consequente entreguei à minha descendência.

A felicidade fugaz da festa de rua, a delícia de entregar ao assistente um sorriso carente de dentes e abundante de alegria, o chamado ao abraço da pequena criatura de um ano, que é meu filho varão, por um negro velho de bigodes brancos e olhos fartos de luz, me tornaram pleno de amor ao meu povo, à minha gente, à minha herança e ao meu futuro que se dará, sem que eu o veja ou viva, para cumprir a história do meu país.
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