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Cordel-->A Canção do Improviso. Que Veio de Campo Grande-MS -- 01/03/2004 - 16:35 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A Canção do Improviso
(por Domingos Oliveira Medeiros)


Eu vi com os próprios olhos. Que a terra há de comer. Ninguém precisou dizer. A reunião de que se tratou. Realizada em Campo Grande. E do que dela cuidava. No Mato Grosso do Sul. Na sua bela Capital. A capital mais morena. Chegou pela internet. No correio eletrônico. Coisas dos anos de agora. Coisa que chega depressa. Coisa que não demora. Coisa de quase amanhã. Coisa bem de agora. Rápida e silenciosa.

Um grupo de guerreiros. Juntos e faceiros. Conversando sobre o futuro. O futuro do Brasil e do mundo. O futuro que interessa a todos. Falavam de Deus. Das relações humanas. Dos seres vivos deste planeta. Evidenciavam o amor. A criatividade. A emoção. As cores, os brilhos e os sons da vida. Vistas sob a ótica da cantoria. Da melodia. Da harmonia. Seguindo a trilha da felicidade. Felicidade que começa dentro de cada um de nós. A felicidade das coisas simples; e, justamente por isso, coisas muito importantes. Coisas que para muitos, infelizmente, ainda distantes.

Coisas de interesse dos povos. Das multidões. Coisas que não se vendem. Não se compram. São lições. Coisas que acontecem. Sem necessidade de grandes reuniões. Lições de vida. Aulas de amor. De fraternidade. De humildade com dignidade. De conhecimento e de sabedoria. Aulas guardadas dentro do peito. À semelhança de nossos amigos. Da amizade, enfim. E da esperança num mundo melhor. Pela única via. A via do conhecimento e do sentimento mais puro: a poesia e a melodia. No rumo da canção e da magia. Não há que falar em utopia. Essa história fica para outro dia.

Mas quem estaria preocupado com as flores? Com o amor ao próximo. Com a cantoria? Quais foram os remetentes de tal mensagem? Seres de outros planetas? Mágicos? Santos? Sonhadores? Pecadores? Talvez, sim. Melhor dizendo: um pouquinho de sim. Mas, com certeza, guerreiros. De carne e osso. Sem armas no bolso. Empunhando violas e violões. Seresteiros. Improvisando versos e rimas. Artistas, trapezistas das palavras; e das canções. Todos com algo em comum: um sonho de felicidade. Da rima de improviso. No ritmo da canção imediata. Todos com a mesma formação. Ou a mesma educação. Formal ou autodidata. Todos artistas. Amantes e repentistas. Assim eu li na entrevista.

Seus nomes bem conhecidos. Rubenio Marcelo, Geraldo Ramom. Da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. E o crítico e jornalista Adelaido dos Anjos. No papel de entrevistadores. Apesar de poetas, escritores, críticos literários ou simples redatores. De um lado.

Do outro lado Zé Maria e Geraldo Amâncio. Os cantadores. Geraldo Amâncio tomou as dores. Zé Maria entregou as flores. E falaram para as senhoras e senhores. Sobre o cordel e sobre a vida. A vida boa e profícua. De que são mestres e doutores.

Geraldo Amâncio Pereira, vice-presidente da Academia Brasileira de Cordel. Cearense, da zona rural, nascido, como tantos sertanejos, num sítio; o dele, no oitão do Município de Cedro. No Estado do Ceará. Estado de tantos talentos. Que aqui não cabe listar. Por absoluta falta de espaço. Homem que herdou o dom do repente. O dom do cordel. Influência de seu avô Manoel. Uma prova de que não morre o menestrel. Que cresce e se multiplica. Como as estrelas no céu. O homem como produto do meio. Tal como o artista. Aí incluído, naturalmente, o repentista.

Falou-se de Dantas. Da Paraíba. Meu conterrâneo de fibra. E amigo. Comparou-se o plantel. Ceará, Pernambuco e Paraíba. Onde tem mais o cordel? E tantos sertões, por certo. Do litoral ao deserto. Onde estariam os sete mil cantadores? Talvez em São Paulo, ou no Rio. O outro nordeste. De janeiro a dezembro. Em todos os lugares. Onde há nordestinos, principalmente. Sem ferir outra gente. É claro!! Mas os fatos são evidentes.

Geraldo que acredita em Deus. Geraldo que é humilde. Que ama os seus. A humildade, no entanto, que não se confunde com ingenuidade.

A humildade que “é pressuposto de toda a virtude e de toda a perfeição”, no dizer de Benedikt Baur, (1877-1956) em sua obra “A Vida Espiritual” (Editora Quadrante, São Paulo-2004. Tradução de Domingos Marques, e que é, ainda segundo o citado autor, ”por outro lado, a confissão do poder, da sabedoria, da magnificência, da bondade e misericórdia de Deus”.

Geraldo que tem seu processo criativo, intuitivo. Principalmente, quando viaja. Literalmente. Num primeiro momento, acredito. Mas não desisto: num segundo momento, há outras viagens. A viagem pelo mundo dos sonhos. Outros caminhos, outras estradas. Algumas com pedras. Esburacadas. Outras bem cuidadas. Bem sinalizadas. Estradas nunca dantes navegadas. Sinalizadas pela inspiração que surpreende. Inusitadas. Como a chuva que cai de repente. De uma só vez. A enxurrada. Que molha o chão de onde os versos brotarão. Em rimas e em forma de canção. Improvisadas.

Movidas ao som da viola e do contraponto do parceiro. Agressivo e sorrateiro. No bom sentido, companheiro.

Falam de tudo. Das coisas da terra. A saudação. A natureza como introdução. Temas universais. Questões sociais. E a conclusão. A criatividade de braços dados com a emoção. Que nasce da sensibilidade da alma e do coração. Dizendo assim, até que parece fácil. Para nós mortais. Mas não para Geraldos e Rubenios. Sem exagero, verdadeiros gênios. Altruístas. Que se dedicam ao que gostam de fazer. Ensinar e aprender. Aprender e ensinar.

Geraldo Amâncio nos trouxe a lição. Leitor da Bíblia. Que a carrega dentro do peito. E junto ao seu leito. Católico praticante. A todo instante. Aprendiz de ajudante. Que o diga Dom Hélder Câmara, por ele bem lembrado. Que fez uso da cantoria, da viola, para sua pregação. Para sua homilia. Assim é Geraldo. Que conviveu com Patativa do Assaré, na terra de Iracema. A virgem dos lábios doces como o mel. Na festa do menestrel. Onde se comemorava seus 85 anos de amor ao próximo.

Em Fortaleza, a grande festa. Teatro José de Alencar. Até o ex-presidente estava por lá. FHC, junto com o governador do Ceará, o nobre parlamentar. O senador Tasso Jereissat.

E o sitio, nas proximidades do Município de Cedro, levantou sua poeira na Europa. Em Portugal, mais precisamente, quando se ouviu o repente:

“Niemayer não é Deus / Mas seu trabalho é fecundo; / Eu admiro o primeiro / e tenho fé no segundo; / Um construtor de Brasília, / Outro construtor do mundo”.

Parabéns ao Rubenio, e a todos os envolvidos com a XVI Noite Nacional da Poesia de Campo Grande. Que estas noites sejam eternas. E que perdurem. Com licença do poeta. Abraços fraternos.

Domingos. 01 de março de 2004.












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