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Cordel-->Voltando ao Meu Sertão -- 24/02/2004 - 22:41 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Voltando ao meu sertão
(Por Domingos Oliveira Medeiros

Com um dia de atraso
Fui passear na Usina
Na terça de Carnaval
Festa que aqui não termina
Pois há circo todo o ano
Palhaço por baixo do pano
Que o folião desanima[

E qual não foi a surpresa
Das homenagens singelas
Poetas, amigos, parentes
Quebraram-se as tramelas
O portão escancarou-se
E muitas lembranças trouxe
De antigas aquarelas

Pintadas na minha mente
Criança, ainda pequena
Deixamos nosso rincão
Com uma certeza pequena
Vencer a dificuldade
Enfrentar a grande cidade
Mudar de luta e arena

São dezenove e trinta
No horário arredondado
Mas a chuva chegou forte
No final do feriado
E tive que improvisar
Para a mensagem chegar
Antes que morra afogado

Afogado com tanta prosa
Com tanto verso mandado
De gente que não se importa
Sem um pingo de cuidado
De apertar o meu coração
O coração de um irmão
De saudades alagado

A água caiu pesada
“Pra quem saiu desse meio”
Escreveu Geraldo Alves
Poeta de rima sem freio
Beleza de trovoada
Escorrendo pela estrada
E eu aqui com anseio

De rever os meus parentes
Saborear o momento
Nadando em recordações
Arrastado pelo vento
Embora com certo receio
De ver rasgado ao meio
O açude, nosso alento

Agradeço ao Luizinho
Por fazer bela alusão
Ao meu saudoso Anízio
Que foi meu pai e irmão
Companheiro fraternal
Jardineiro que em Pombal
Fez a minha plantação

Também fiz esta viagem
Na minha imaginação
Num trenzinho de saudades
Nas cores de cada estação
E na realidade de Maria
Fruto de bela fantasia
Que trazes no coração

À querida Terezinha
Vou logo dando a pista
Não conheço o desenhista
De traçados tão cruéis
Mas até hoje, confesso
Sempre desejo o regresso
Pombal, primeiro da lista

Obrigado, caro Alcides
Pela relato abordado
Registrando com clareza
O panorama mudado
Dá pra sentir a melhora
Vendo a seca indo embora
E o povo alimentado

Rios cheios de lágrimas
Que a natureza mandou
Assim disse o Zé da Onça
O olho do mundo chorou
Tudo é fartura e riqueza
Foi-se embora a tristeza
Somente alegria ficou

Tem dedo de Deus no meio
É obra da natureza
Mane de Inaça que o diga
A santa ceia na mesa
Resta agora agradecer
Por tanta chuva chover
É milagre com certeza

E quem diz verso bonito
Como o nosso companheiro
Rimando amor e saudade
Na casa desse ferreiro
Com sinceridade digo
Não passo de um mendigo
Ou aprendiz de pedreiro

Ao Dantas não digo nada
Dispensa apresentação
É poeta e pombalense
Divulgador do sertão
É a chuva que acontece
Que o nosso chão enaltece
Conterrâneo e irmão

Artesão de nossas matas
Rios, aves e lugares
Amante da poesia
Histórias de nossos lares
Tiradas do céu do sertão
A chuva, a seca e o trovão
De belezas seculares

Agradeço, finalmente
A verdadeira enxurrada
De notícias auspiciosas
Caixa postal tá lotada
Vou contratar mais carteiro
E também um mensageiro
Pra dar conta da parada

Terminando à moda antiga
Estas linhas mal traçadas
Peço perdão aos amigos
São rimas improvisadas
Não se fez a revisão
Há erros de pontuação
E vírgulas quiçá molhadas

O susto foi muito grande
De qualquer modo, obrigado
Um dia eu pago a conta
Sem esquecer o trocado
Nem que seja preciso
Quando perder o juízo
Ser candidato ao Senado

Com tanto verso perfeito
Acredite companheiro
Fiquei aqui matutando
Voltei a ser beradeiro
Aqui nesta grande cidade
É grande a minha saudade
Desse sertão brasileiro

Brasília, 24 de fevereiro de 2004



A todos os meus parentes e amigos. Conterrâneos e demais autoridades. Senhores e senhores. Engenheiros e doutores. Não me levem a mal. Não tenho culpa, afinal. De ter deixado Pombal. São coisas das circunstâncias. A despeito de relutâncias. São fatos da vida real. Mas papai, como ninguém. Soube congelar sua saudade. E plantar em nós a fidelidade. À terra de nascimento. A nossa terra natal. Que ele tanto amou. Que em versos assim falou. Que a vida bem vivida. Aqui nesse nosso planeta. Por ele não esquecida. Foi no sertão, em Pombal.

O mesmo Pombal que hoje. É cantado em verso e em prosa. Por gente de humildade famosa. A humildade que Cristo nos ensinou. Aquela que não se confunde com ingenuidade. Nem com subserviência. A humildade dos sábios. Dos amigos. Dos que se respeitam. E abrigam. Dos que acreditam na brisa dos ventos. Em dias melhores. Suportando, com bravura, os dias piores. As nossas cruzes. Que as levamos. Por conta de nossa cota. De agradecimento a Cristo. Pelo que sofreu por nós. Pela redenção de nossos pecados. .

O cheiro da terra está por todos os ares. Por todos os lugares. Por todos os lados. As cores do xiquexique. De suas flores. E demais, por certo. O som dos pássaros. Dos animais. O cheiro da mesa posta. O café da manhã. Regado à tapioca, coco e rapadura. Coalhada com mel. Carne de sol. Sarapatel. Lingüiça de porco. Galinha à cabidela. Já era do almoço. Sinal de alvoroço. Dessa fruta, como diz no sul, eu como até o caroço. Seja velho ou seja moço. Com a corda no pescoço. Sentado no batente. Em volta de nossa gente. O cigarro de “páia”. Pra quem gosta, é claro! O relinchar do jumento. O berrar do carnero. A noite chegando. Enluarada. Estrelada. É hora da cantoria. Clara e insinuante. O sono chegando. No mesm os instante. A família rezando. “Bença paim”. “Bença mainha”. E o mundo escurece. A Deus uma prece. Até amanhã. E obrigado por este belo dia. Domingos.





































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