Respondendo ao artigo do amigo Clovis Luz da Silva.
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Sim, Carlos Luz da Silva, hoje participei de um almoço. Que tinha de tudo. Nutrientes e calorias. Não sei se na dosagem certa. Mas isso, se ocorreu, foi por minha interira culpa. Ou ignorància. Ou indiferença. Mas nunca por falta de alimentos. Talvez falta de fome. Fome é bem diferente de apetite.
Alimentos ricos em fibras, cereais, vitaminas, proteínas e tudo o mais estavam pela mesa farta. Graças a Deus, em parte, claro! Deus não tem nada a ver com isso. Isso é problema do governo e de todos nós. E problema que poderia encontrar solução adequada se não fossem certos "doutores". Novamente a questão da educação. Não sei se a deficiência seria da universidade ou do aluno. No caso, acho que seja do aluno. O Demétrio Magnoli nunca faltou ao recreio. E sua lancheira deveria ter de tudo. Pão integral, pão francês, presunto, de peito de peru, claro! Suco de laranja? Só no primeiro dia. Nos demais, um tipo de suco à cada dia. Vitamina de morango. Bolos feitos em casa. Algumas barras de chocolate. Muita caloria. Muita fartura. E muita hipocrisia. Era o que mais se aprendia. Fome? Ninguém, por certo, naquela escola, jamais saberia dissertar sobre este tema. Falar do que não conhece. Do sobrenatural. Do submundo. Isso é obra surrealista.
Pessoas, adultos e crianças, uma semana sem ter o que comer? Nem na guerra! Quanto mais num país imenso, de dimensões continentais como o nosso. Onde em se plantando tudo dá!. Que dá, todos sabemos. O que não sabemos é porque não plantar. Não se planta uma semente que seja de política agrícola. De distribuição de terras. Ou de alimentos.
Mas, afinal, existem pessoas neste país que não sabem comer? Ou existem pessoas que não têm o que comer. E o que beber? Eis as questões. Sim, porque subtende-se que subnutridas são as pessoas que comem errado. Muita carne no lugar de legumes, por exemplo. Essa teoria do doutor Magnoli é um verdadeiro assombro!
Seria bom que ele fizesse uma visita pelos sertões deste imenso país. Há famílias subnutridas, sim. Nos últimos sete anos, por exemplo, morreram, ou ficaram cegas, 35 mil crianças. Por quê? Por falta de alimentação. Principalmente, por falta de vitamina A. Que o atual governo deixou de doar. Por falta de recursos. Por falta de recursos? Deixa pra lá! Afinal ele está indo embora mesmo! E deve ser amigo do professor Demétrio. Pelo menos exerce a mesma profissão.
Doutor Demétrio. A escolha é não ter o que comer, e nem o que escolher. E nem o que se beber. É esperar a hora chegar. Acreditar em Deus e rezar. Para que a morte seja lenta e suave, a fim de não enjoar o estómago colado e calado pela indiferença; pela ausência de fraternidade. Pela ausência de governo; pela falta de vergonha, pra dizer a verdade.
No sertão do nosso país, infelizmente, não há trabalho para nutricionistas de plantão. Que confundem a fome com apetite.
Domingos Oliveira Medeiros
06 de novembro de 22002
Respondendo ao amigo Clovis Luz da Silva
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Sim, Carlos Luz da Silva, hoje participei de um almoço. Que tinha de tudo. Nutrientes e calorias. Não sei se na dosagem certa. Mas isso, se ocorreu, foi por minha interira culpa. Ou ignorància. Ou indiferença. Mas nunca por falta de alimentos. Talvez falta de fome. Fome é bem diferente de apetite.
Alimentos ricos em fibras, cereais, vitaminas, proteínas e tudo o mais estavam pela mesa farta. Graças a Deus, em parte, claro! Deus não tem nada a ver com isso. Isso é problema do governo e de todos nós. E problema que poderia encontrar solução adequada se não fossem certos "doutores". Novamente a questão da educação. Não sei se a deficiência seria da universidade ou do aluno. No caso, acho que seja do aluno. O Demétrio Magnoli nunca faltou ao recreio. E sua lancheira deveria ter de tudo. Pão integral, pão francês, presunto, de peito de peru, claro! Suco de laranja? Só no primeiro dia. Nos demais, um tipo de suco à cada dia. Vitamina de morango. Bolos feitos em casa. Algumas barras de chocolate. Muita caloria. Muita fartura. E muita hipocrisia. Era o que mais se aprendia. Fome? Ninguém, por certo, naquela escola, jamais saberia dissertar sobre este tema. Falar do que não conhece. Do sobrenatural. Do submundo. Isso é obra surrealista.
Pessoas, adultos e crianças, uma semana sem ter o que comer? Nem na guerra! Quanto mais num país imenso, de dimensões continentais como o nosso. Onde em se plantando tudo dá!. Que dá, todos sabemos. O que não sabemos é porque não plantar. Não se planta uma semente que seja de política agrícola. De distribuição de terras. Ou de alimentos.
Mas, afinal, existem pessoas neste país que não sabem comer? Ou existem pessoas que não têm o que comer. E o que beber? Eis as questões. Sim, porque subtende-se que subnutridas são as pessoas que comem errado. Muita carne no lugar de legumes, por exemplo. Essa teoria do doutor Magnoli é um verdadeiro assombro!
Seria bom que ele fizesse uma visita pelos sertões deste imenso país. Há famílias subnutridas, sim. Nos últimos sete anos, por exemplo, morreram, ou ficaram cegas, 35 mil crianças. Por quê? Por falta de alimentação. Principalmente, por falta de vitamina A. Que o atual governo deixou de doar. Por falta de recursos. Por falta de recursos? Deixa pra lá! Afinal ele está indo embora mesmo! E deve ser amigo do professor Demétrio. Pelo menos exerce a mesma profissão.
Doutor Demétrio. A escolha é não ter o que comer, e nem o que escolher. E nem o que se beber. É esperar a hora chegar. Acreditar em Deus e rezar. Para que a morte seja lenta e suave, a fim de não enjoar o estómago colado e calado pela indiferença; pela ausência de fraternidade. Pela ausência de governo; pela falta de vergonha, pra dizer a verdade.
No sertão do nosso país, infelizmente, não há trabalho para nutricionistas de plantão. Que confundem a fome com apetite.
Domingos Oliveira Medeiros
06 de novembro de 22002
