Minha amiga, quase um poema
Volto ao passado
Faz muitos anos.
Ficou a lembrança.
A lembrança daqueles que nos marcam...
ficou em mim a lembrança do seu alguém.
Uma amiga que se fez sinônimo de saudade.
Muitos anos mais do que todas as lembranças possam perdurar.
Porém marcante.
Assim foi, assim se foi, marcante!
Me deixou o nome inscrito na lembrança.
Estatura miúda.
Rosto miúdo.
Gigantesca no viver.
Agigantada no conviver.
Inteligente, agitada, persistente.
Grande até na hora de ter defeitos.
Amiga, meiga, vivida, corajosa...,
arrogante, petulante..., sem meios termos...,
direta, decidida, atrevida.
Foi assim que a conheci.
Ainda estudantes, arrogantes, confidentes.
Depois casou-se...
marido, filhos, amigos...
Por anos assim viveu.
Por anos assim se perdeu.
Por anos não se apercebeu.
De repente uma viagem.
Largou tudo e foi com tudo,
com os pés no mundo.
Se foi.
Cruzou ares, cruzou mares, cruzou pares...
viajou.
De seu... apenas um violão.;
Companheiro, sustento, abrigo, passaporte, chave... um violão.
Não o fez por mau, apenas se foi.
Inocente partida.
Julgou que a vida teria continuidade?
Inocente retorno.
Descasou-se... marido, filhos, amigos...
tudo se foi.
De seu... apenas um violão. Só lhe restou o violão.
Quando partiu deixou saudade.
Quando voltou era saudade.
Mesmo na saudade... sobreviveu.
A música presente.
O violão presente.
Versos presentes.
Para mim um presente.
Um dia, na imensidão do tempo, nos perdemos.
Num dia em que perdemos.
Outra vez se foi.
De seu... o som do seu violão, o som da sua voz,
uma lembrança, uma saudade.
Seus versos. Alguns com meu nome.
Onde estará?
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