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Infantil-->LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS -- 05/07/2002 - 10:46 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TEATRO INFANTIL

LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS.
PERSONAGENS:
A mãe.
O filho.
Miguel.
Joaquim
Negro 1:
Negro 2:
Marinheiro:
Feitor:
Serelé.
Aloa.

1ª CENA: (A mãe e o filho)
Locutor: Estamos comemorando nesses dias o 13 de maio. O que é o 13 de maio? O treze de maio é o dia da libertação dos escravos, que aconteceu no ano de 1888. Exatamente a 110 anos. Antes deste ano, 1888, os negros eram tratados como animais, eram vendidos, trabalhavam muito e nada ganhavam. Porque eram escravos. Pessoas sem estudos, sem nenhum conhecimento que eram trazidos da África. Hoje vamos contar para vocês de uma forma bem resumidinha, como tudo isso aconteceu. Dona Antonia é mãe de João. Ela está em casa muito preocupada com o atraso do filho.
(música orquestrada)
Antonia: Já passam das sete horas da tarde e Joãozinho ainda não apareceu. Ele chega sempre antes das seis. O que terá acontecido com ele?
João: (entrando) Essas professoras querem me judiar...
Antonia: Onde você estava até uma horas dessas? Eu já estava muito preocupada...
João: Não aconteceu nada não mamãe. É que eu e o Thiago, fomos à Biblioteca Pública Machado de Assis, para pesquisar sobre a história do negro no Brasil.
Antonia: Mas porque vocês foram fazer isso?
João: É um trabalho que a Professora de história deu.
Antonia: E vocês conseguiram fazer o trabalho?
João: Fizemos um pouco. Mas tem detalhes que é muito difícil de entender para nós que somos muito pequenos ainda. Por isso precisamos da ajuda de alguém que conheça também a história do negro no Brasil, para nos explicar algumas coisas.
Antonia: Eu posso lhes ajudar. Você se esqueceu que somos descendentes dos escravos? Que os nossos antepassados sofreram muito com isso.
João: É verdade Mamãe, então me ajude, por favor.
Antonia: Bem, tudo começou quando os homens já estavam cansados do trabalho escravo dos índios. Sim, porque antes dos negros, os índios é que eram escravizados.
2ª CENA: (Música de efeito) (homens brancos) Henrique e Miguel.
Henrique: Miguel, não estou gostando do trabalho desses índios. O mato já está tomando conta das plantações. E eles não querem mais saber do trabalho, são indomáveis, o que eu vou fazer?
Miguel: O caso ainda não é para desespero.
Henrique: Como não. O meu prejuízo está sendo muito grande, como vou resolver essa situação?
Miguel: Sei de fonte segura, que em breve teremos trabalhadores muito mais fortes que os índios.
Henrique: De quem você está falando? De onde virão esses trabalhadores?
Miguel: Do continente Africano. São negros, homens mais fortes. E vamos trazê-los a qualquer preço.
3ª CENA: (A mãe e o filho).(Efeito)
João: Nossa mamãe.! Então quer dizer que eles eram vendidos para os grandes fazendeiros aqui no Brasil?
Mãe: Sim. Os governantes da África, vendiam os negros, como se vende hoje um saco de feijão.
João: Credo mamãe. Eles não tinham compaixão não.
Mãe: De jeito nenhum. Até na viagem da África para o Brasil eles eram judiados.
4ª CENA: ( NAVIO NEGREIRO )
Locutor: Em 1530, os primeiros eram negros transportados para o Brasil em barco a remo. Onde eles eram obrigados a remar.
Negros: (Cantam) Rema negro, rema negro. Teu destino ninguém sabe.
Rema negro, rema negro, teu suor é tua vaidade.
Marinheiro: (Branco) Cantem, Cantem. Mas continuem remando. Remem com toda a força para que vocês cheguem logo à nova terra ao novo lar. (risos sarcásticos) Remem, se não eu os deixarei aqui no meio do mar. (sai)
Negro 1: Ontem nas poucas horas de sono que tive eu sonhei. Sonhei que havia morrido e pairava por entre as nuvens. Do jeito que eu sofro nessa viagem. Ás vezes chego a desejar a morte.
Negro 2: Aqui neste barco está cheio de ratos. E eles nos fazem companhia.
Marinheiro: Calem-se, calem-se. Guardem os seus fôlegos para o remar do navio. E para gemerem na ponta do meu chicote. Remem, remem.
5ª CENA: (EFEITO E MÃE E FILHO)
João: Mas era assim mesmo mamãe?
Mãe: Muito mais que isso. Passavam fome, comiam restos de comida, eram obrigados a conviverem com os ratos, baratas e muito mais sujeitas sem poderem reclamar. Se reclamassem...
João: O chicote comia.
Mãe: Exatamente. Os anos foram passando, e os negros trabalhavam dia e noite, e como bichos eram sempre maltratados. Por isso tentavam fugir, mas eram pegos em armadilhas perigosas, e por isso morriam sem ajuda de remédios. Mas os negros tinham grande fé no Deus deles e pediam sempre.

6ª CENA: A tentativa de cura.
(Aqui tem um homem caído e os outros em volta)
Negro 1: Cura dendê aloa, cura dendê aloa, cura dendê. Ele foi pego em uma armadilha feita pelos homens brancos. Cura dendê.
Aloa: Aloa não pode. Dendê partiu. (Música triste) O vumbê dos éguns levaram ele.
Negro 1: E agora Aloa, e agora?
Aloa: Se fosse um animal que tivesse feito isso com Dendê, um animal irracional, eu aprisionaria seu espírito no abismo das trevas e sacrificaria sua alma. Mas como é o homem brando, eu o amaldiçôo. (trovão)
7ª CENA: (A MÃE E O FILHO)
João: E a música deles como era? Como que eles se divertiam?
Mãe: Apesar daquele sofrimento todo. Os negros ainda tinham seus momentos de alegria. Dançavam, pulavam, cantavam.
João: Que legal, então me conte como isso acontecia.
Mãe: Bem, eles se juntavam, até mesmo no corte de cana, dançavam e cantavam. E foi assim que criaram o nosso ritmo o samba.
8ª CENA: (Música no corte da cana). (dançam um pouco)
Serelé: É hoje que eu fico doidão de tanto dançar.
Negro 1: Vamos parar com isso, e vamos trabalhar. Antes que o senhor feitor ainda manda colocar a gente no pelourinho. E o cê Serelé, já ficou a semana passada por desordem.
Serelé: Mas eu não ficar mais. Vou desaparecer daqui. Eu vou ser livre, eu vou voar, eu vou voar por aí como um pássaro livre. Estão me entendendo?
Feitor: (Entra e fica olhando)
Serelé: Eu vou voar, (sai andando para perto do feitor de costas) eu vou voar. (encosta) Estamos trabalhando seu feitor estamos trabalhando.
Feitor: Vem cá negro. O cê quer voar não é?
Serelé: É, eu quero dizer, eu quero né? Ser livre.
Feitor: Ham ram. Então porque não pediu prá nascer urubu. Um negro querendo voar, era só o que me faltava.
Todos: (riem dele)
Serelé: Òí aqui oh. Se eu virá urubu, aqui todo mundo vira, tão ouvindo.
Negro 1: Gracinha.
9ª CENA
Filho: Nossa, então quer dizer que os negros passavam por tudo isso? É por isso então que eles queriam fugir.
Mãe: Pois é, só que quando eles fugiam e eram pegos de volta, o castigo era muito maior. Batiam com relhos, com palmatórias, amarravam em troncos com correntes como se fossem animais perigosos.
Filho: Credo, e eles não faziam nada. Não tinha nem um branco que defendia os negros?
Mãe: Tinha sim. Muitos movimentos em prol da libertação dos negros do trabalho escravo foram criados. Mas eram sempre sufocados pelos grandes fazendeiros e interessados na permanência da escravidão negra no Brasil.
Filho: E zumbi quem foi?
Mãe: Zumbi, foi um negro que lutou muito para defender a libertação dos escravos, e acabou morrendo por isso.
10ª CENA: (Desenho de um negro sofrendo amarrado)
Negro 1: Sua negro cão, no sol que te queima a pele.
Tua força de vontade se torna mais fraca,
Tal qual a luz da tua alma.
Cai por terra de cansaço e levantas ao som da chibata.
Como canta no seu lombo serenata.

Negro 2: Tentastes fugir mas fostes um fracasso.
Teus grilhões pesavam tal qual os pensamentos,
Sarcásticos de quem te caçava foi preso.
Teu destino o tronco, tua sentença dias de amargura.
Negro 1: Muitos não compreendem o sofrimento,
E dizem, quem nos dera Ter morrido, ou então nem nascido.
Há viver este sofrimento.
O tempo correu como as águas de um riacho.
Negro 2: Assegurada a liberdade do tráfico de negros, Carta régia 1672.
Negro 1: No correr do tempo nossa Raça cresceu. É facultada a liberdade aos que tinham mais de 60 anos. Lei do sexagenário.
Negro 2: l871, Nossos filhos tem direito a liberdade, lei do ventre livre.
Os dois: O corpo negro já cede temor à mão agressora. Pois a escravidão tende a apagar a sua luz de sofrimento.
11ª CENA: Mãe e Filho.
João: Mãe, o que significa essa carta régia de 1672.?
Mãe: Significava, que daquele dia em diante, não poderia mais haver tráfico de negros da África para o Brasil.
João: E a lei do Sexagenário?
Mãe: É uma lei que dava liberdade para as pessoas que tinham mais de 60 anos.
João: E a lei do ventre livre de l871?
Mãe: Essa lei dava liberdade a todos os negros que nasciam daquele dia em diante.
João: Então quer dizer que tinham muita gente lutando para a libertação total dos escravos?
Mãe: Tinha sim. E muitos morreram por isso. Também tinha um outro fato que contava muito. O Brasil estava ficando mal visto pelos outros Países. Por causa da escravidão negra no Brasil.
João: Então Apareceu a princesa Isabel e...
Mãe: Apareceu a Princesa Isabel e Assinou a lei Áurea no dia 13 de maio de l888, dando liberdade total aos escravos no Brasil.
12ª CENA: (Todos os Negros)
Serelé: Eli, Eli, Lama sabactaní. Oxalá meu pai, Xangô orixá dos trovões, Porque nos abandonastes? (trovões, em seguida música lenta e todos vão saindo e dizendo)
Negro 1: Agora somos livres.
Serelé: Agora posso sair por aí livremente como um pássaro. Gente eu posso voar agora. Eu posso voar. Eu não disse que conseguiria.
Negro: Estamos livres. Estamos livres.
Narração: E assim termina a nossa história de hoje. É um pouco triste, mais foi uma história que aconteceu realmente. Obrigado a todos e até a próxima Sexta-feira.
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