sou mulher forte
dessas que constróem casas
trocam pneus
fazem poesia
sou mulher densa
faço meus lumes
cozinho coisas
matenho a casa perfumada
e a alma limpa
hoje estou pequena
sempre que a dor me assalta
olho pro lado e vejo
ah, manjericão fresquinho?
vamos ao pesto,
aos perfumes.
se a dor me assalta
olho pro lado
e vejo o poema
há sempre uma festa de passarinhos
um cadela no cio
um ninho novo na varanda
também há amigos que choram
um cano quebrado
uma receita nova
e os eternos gritos do silêncio
diariamente estou pronta pra vida
não pro teu grito
não pro teu inútil pedido de amor
vai, me deixa
que essa vida é hoje, agora
não estás pronto, não ainda.
não me peças o amanhã de minha alma,
não peças que te guarde meu futuro.
vive tua vida de hoje, vai ser feliz, homem,
me deixa, que todo dia bebo a vida.
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