Vestiu-se com a sombra do meu sono
e subtraiu da noite o seu silêncio
para tecer na pele das manhãs
o açoite das estrelas e do vento.
Redesenhou a lua e sublinhou
no firmamento a lápide de um sonho,
e só depois – depois desse torpor –
sangrou-me o desvario daquele beijo.
Pôs sob os olhos, quando os meus ganiam,
um mar insano donde as tempestades
fulgiam me embebendo... me embebendo...
Jogou-me, enfim, no cárcere, mas veio
(como se não bastasse) fustigar
a imensidão das dores com seus seios. |