Não. Não fui eu quem viu a noite. Nego,
aliás, que ela possa ter-me visto.
A rigor, o anoitecer não vê. Disto
sabe a manhã: o escuro é sempre cego.
Eu, todavia, enxergo a madrugada.
Ela talvez me veja e, até quem sabe,
nos fragmentos de luz em que ela cabe
a epiderme do sol refaça cada
lâmina e cada corte na entrelinha
do céu e nas entranhas desta minha
angústia também cega. Mas é tarde.
O fogo, então, subjuga o vento. Tudo
vem a ser chama. Às seis horas, contudo,
saudades há do azul que já não arde. |