Música antiga.
Arte na parede.
Esculturas e um belo quadro à óleo.
Lá eu vi a senhora do camafeu.
Uma linda propriedade
E um pingente perdido.
Foi assim que me aventurei.
Na arte de descobrir e procurei histórias.
Aquele camafeu desenhado.
Aquele pingente abandonado.
Largado no meio da rua.
Hipnotizando-me.
Pra que pegá-lo?
Qual seria a sua função?
De aquilo ficar na minha mão?
Por um instante, pensei!
Não vou deixá-lo quebrar.
Tal porcelana,
Essa pintura,
Essa rubra face,
Esses cabelos castanhos cacheados,
Esse olhar lânguido?
Semblante de boneca,
Antiga, aquelas de época,
Boneca de louça,
Bonequinha de luxo
De uma era que não vivi.
Levou-me a um tempo que não temi.
A vitrola.
E a música clássica.
Um fundo bucólico
De atmosfera envolvente,
Nas paredes da casa,
Pendurado,
Firme encontrei.
Lembrei-me de filme,
Cenas clássicas de "flash backs",
Sensações de algo que
Nunca senti.
Estranha proximidade,
Intimidade.
Com afeição,
Com a situação,
Com o luar.
Que já estava a chegar.
Assim chegou a razão
Por tudo que vim.
Uma longa sombra.
Um belo corpo.
Músculos,
Pele alva,
Um semblante sereno,
Olhar denunciando
Íntimo turbulento.
Certifica pelos gestos firmes,
Ajeitando seus cabelos castanhos,
De um moreno claro,
De charme discreto.
O que fazes aqui?
Quem és?
O que te trazes aqui, menina?
Agitada,
Sem fôlego,
Logo me veio o rubror
Com o fogaço.
Ameaço sorrir.
Sem jeito,
Coloco a mão no peito.
Mostro-lhe enfim,
A senhora do camafeu
Que também estava ali.
Não sabia.
Mas a senhora do camafeu,
A mocinha da tela,
O moreno...
Tudo me veio como falo aqui.
Tão de repente,
Tão completamente.
Ele olhou para mim.
Sorriu com meiguice,
Arrancando-me o camafeu do pescoço.
Num lance também me abrindo o decote em brasas.
Que não pude me conter.
Um beijo nasceu.
Um amor ascendeu.
Uma questão:
O que o destino me seria mais capaz de trazer?
|