A PROPÓSITO DO MOTE DA CHUVA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
DAUDETH, está com a razão
enxergo pouco à distância
escuto bem baixo o trovão
mas vejo a minha infância
na chuva caindo no chão
seja em qualquer circunstância .
E o DANTAS não fica atrás
seja no seco ou molhado
quando’ o assunto satisfaz
ele dá logo o recado
pois na rima ele é capaz
não aceita ser mandado.
JÁ DIZIA MEU VELHO PAI TUDO DEMAIS É VENENO
A chuva passou da conta
Daudeth nos deu a notícia
virou caso de policia
enchente de grande monta
muito estrago logo apronta
num espaço tão pequeno
não deu tempo para o dreno
a água que vem e que vai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
São Pedro foi o culpado
alguém por certo pensou
mas logo não demorou
ao ver que estava enganado
e foi assim perdoado
voltou a ficar sereno
com o seu julgar ameno
a culpa é da água que cai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Faltou também prevenção
da parte da autoridade
de uma ou outra cidade
do litoral ao sertão
fez muita falta um plantão
fiscalizando o terreno
avisando e dando o aceno
toda vez que a chuva cai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Situação que carece
de medida de emergência
recurso e assistência
pois a enchente permanece
e o povo é quem padece
o conserto foi pequeno
muito pouco pro terreno
por tanta chuva que cai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Tirando o cavalo da chuva
ficando sob o telhado
secando todo o molhado
tudo encaixa como a luva
e a clareza não se turva
este mundo é pequeno
o saber do povo é pleno
tudo muito se esvai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
O recesso parlamentar
salário de deputado
imposto que é criado
todo mundo que lucrar
presidente a viajar
tudo isso é obsceno
causa de muito empeno
que à confiança retrai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Controle do Judiciário
fila na hora do almoço
no banco aquele alvoroço
déficit previdenciário
sofrimento do operário
seja louro ou moreno
de dia ou no sereno
pro trabalho, quando vai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Mulher com muito perfume
risco-Brasil inventado
muito dinheiro emprestado
o povo cheirando a estrume
governo que não assume
o exemplo do Nazareno
pra ajudar o pequeno
desse jeito a casa cai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
O povo desempregado
doente, passando mal
só quem brinca o Carnaval
é o feliz do deputado
de novo foi convocado
compra carro e terreno
seu viver é bem ameno
seu dinheiro não se esvai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
Mas não há mal permanente
nem bem que dure um montão
sempre há mais uma eleição
e esse é o dia da gente
como eu, bem descontente
o meu voto será pequeno
vou colocar o meu dreno
muita gente comigo vai
já dizia meu velho pai
tudo demais é veneno
