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Cordel-->SINTO O CHEIRO DA FARTURA -- 02/02/2004 - 00:37 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


SINTO O CHEIRO DA FARTURA...
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

(Motes sugeridos pelos amigos JOSÉ DANTAS e DAUDETH BANDEIRA, em tom de colaboração e semitons de provocação, em sol maior do calor da região nordeste. Tudo isso, a bem da verdade, pintado com as cores da generosidade de quem vive o sertão, em verso e em prosa; e para quem nele mora, e namora, na chuva da imaginação.


PRIMEIRA PARTE - A SECA PERDURA

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
Não se acostuma à esmola
Seu trabalho é seu sustento
Seu labor o argumento
Provado com faca e facão
A tatuagem é na mão
A cicatriz que perdura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
Pra tristeza não dá bola
Vive a seca do momento
Com altivez, sem lamento
Homem de bom coração
Não se afasta da razão
De alma simples e pura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
Esperança que consola
Sensação de esquecimento
De um dia calorento
Olhando as rugas do chão
A chuva na contramão
Não faz buraco, não fura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
O pensamento aflora
Lá fora vê-se o jumento
Magro, sujo e fedorento
Olhando triste pro chão
Pedindo desculpa ao patrão
Pela sua compostura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
A lembrança na cachola
Faz o seu requerimento
Pede seu deferimento
Pra’ acabar com esse verão
Chega de tanta agrura
Basta de tanta amargura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
Sem coelho, sem cartola
Pra mudar de sofrimento
A casa quase ao relento
A cama não tem colchão
A sede na palma da mão
A pouca água é impura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
O silêncio que consola
O ritual do alento
A falta do alimento
Que aquece o coração
Não desfaz a sensação
O querer bem “in natura”
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

Passarinho na gaiola
Precisando de sustento
VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
O sertanejo se isola
À espera do seu pão
Faz a sua oração
Com devoção e lisura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

Sua mente não embola
Funciona a contento
VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
A enxada sempre amola
Na lembrança a plantação
Arroz, milho e feijão
É a sua agricultura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

A camisa não tem gola
A comida sem fermento
VIAJAR NO PENSAMENTO
ESCUTANDO UMA VIOLA
Sonho solto na gaiola
Sentado, ao lado, no chão
Seu melhor amigo, o cão
Traz no olhar a candura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

FIM DA PRIMEIRA PARTE


A seca lá no nordeste. O olhar no firmamento. A reza e o juramento. A fé do cabra da peste. Que este ano acontece. É tempo de renovação. A água correndo no chão. O fim daquela clausura. Sinto o cheiro da fartura. Recendendo no sertão.

De repente, ela aparece. Atrás da serra altaneira. Uma nuvem passageira. O milagre acontece. O solo todo estremece. Depois de um breve clarão. Explode, no alto, o trovão. O cheiro da chuva recende. E o sertanejo entende. O valor da oração.

A chuva não se demora. A alegria é geral. Balbúrdia pelo quintal. O galo limpando a espora. Seu canto não se demora. O cão embaixo da cama. Com medo, mas não reclama. O nó sai da garganta. Passarinho logo canta. E toda a casa se inflama.

SEGUNDA PARTE – COMEÇAM AS CHUVAS



SERTANEJO ESTÁ CONTENTE
PELA CHUVA QUE CHEGOU
Toda a paisagem mudou
Foi-se embora o tempo quente
Pra alegria da gente
Resta o calor da emoção
A água molhando o chão
Revolvendo a terra dura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NOSERTÃO

SERTANEJO ESTÁ CONTENTE
PELA CHUVA QUE CHEGOU
A água já inundou
O açude se completa
Atingiu a sua meta
Do volume e da vazão
Bem vindo seja o trovão
A explosão da ternura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

SERTANEJO ESTÁ CONTENTE
PELA CHUVA QUE CHEGOU
Em sonho que desabou
Do cano lá do telhado
Todo o chão abençoado
Brincadeira no sertão
O banho é a diversão
Criançada não segura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

SERTANEJO ESTÁ CONTENTE
PELA CHUVA QUE CHEGOU
A cor da tristeza lavou
A cor se faz diferente
O cinza se fez ausente
O verde desponta do chão
O mato cobrindo a visão
O sapo tem formosura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ÚLTIMA PARTE – PLANTAÇÃO E FARTURA

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
O renascimento eterno
A vida se renovando
Todos estão ganhando
Com a mudança da estação
Muda o tom da canção
Muda toda a partitura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
Janeiro sai do inferno
O tempo ficou mais brando
O vento agora soprando
É tempo de plantação
Semente e disposição
A labuta vai ser dura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
Do agricultor subalterno
É seu dever ir plantando
E o tempo vai passando
Já temos fava e melão
Milho, arroz e feijão
Ninguém agora segura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
O calor irradiando
Todos estão trabalhando
Plantando milho e algodão
Carrapateira e pinhão
A foice segura na mão
O peito é todo bravura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
Nosso desejo fraterno
Tanto tempo esperando
Finalmente aqui chegando
Para a nossa proteção
Atendendo à nossa oração
A dor agora tem cura
SINTO CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
O nosso sabor eterno
O cheiro vai exalando
Apetite escancarado
Tapioca, peixe e baião
De dois, mel e violão
Sobremesa de doçura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
Já vai longe aquele inferno
O povo se abraçando
O maxixe vai dançando
Cachaça, umbu ou limão
A moça segura na mão
Alegria sem censura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

ESTAMOS COMEMORANDO
A CHEGADA DO INVERNO
O tempo agora é moderno
O computador acusando
O recado que foi dando
Grande DANTAS meu irmão
Gente da mesma região
Fiz então minha leitura
SINTO O CHEIRO DA FARTURA
RECENDENDO NO SERTÃO

P.S. O mote bem sugerido. Pra nossa satisfação. Deu o tom do seu recado. E do seu dever cumprido. As noticias foram boas. O povo está festejando. O inverno em abundância. Tema de relevância. O açude está sangrando. Animal alimentado. Prato cheio e bem sortido. A alegria toma conta. Daquele povo sofrido. Que não perde a altivez. Seja janeiro ou dezembro. Faça sol ou faça chuva. Ou seja qualquer outro mÊs.

Apesar da nota triste. Dada na televisão. Que aconteceu em cidades. De algum lugar do sertão. E até na capital. De um ou de outro Estado. Menino que foi arrastado. Pela forte correnteza. Que não pode ser deixado. De por nós ser bem lembrado. É coisa da natureza. Mas que é certo, causa tristeza. Pois tem o dedo do homem. Que não deve ser prejulgado. Mas a questão é antiga. E precisa de cuidado. E muito maior atenção. Para que de novo em janeiro. Este fato não se repita. E fique somente a festa. Da forma como foi dita. Pelo mestre JOSÉ DANTAS. A água na conta certa. As alegrias são tantas.

01 de fevereiro de 2004















































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