Em São José de Campestre
Pertinho de Tangará
Havia um touro da peste
Não gostava de ¨Currá¨
Do cercado o gado vinha
Ele ficava por lá
Não voltava o Ventania
Mais parecia ingrizia
A tal situação
E o touro resistia
As ordens do patrão
Que resolveu um dia
Por um fim nessa questão
Do touro queria cria
E ele tinha que fazer
No enfeitado curral
Para todo mundo ver
Pois ali naquele pau
Gastou dinheiro a valer
Era caro pra danado
O famoso Guzerá
Poderia ser capado
Ou até mesmo morrer
Se não fosse ali trepar
Perderia seu viver
O bicho sabendo disso
Pôs-se logo a pensar
Não assumi compromisso
Mas me fiz apaixonar
Por uma vaca que é um viço
As outras deixo pra lá
Como aqui o meu capim
Não quero dele a ração
Não saio deste cercado
Gamei pela Aipim
E não sou de traição
E não quero ser castrado
Sou bicho de opinião
A coisa virou notícia
Naquela região
Delegdo de Polícia
Fazia investigação
Mas quem vive também pensa
E assim pensou o patrão
Uma grande recompensa
Resolve de vez a questão
Quem o tirar do cercado
E o trouxer para cá
Seja solto ou amarrado
Um milhão irá ganhar
Pois quero ver o danado
Se recusar a transar
Chamo o padre e o delegado
O primeiro o batiza
O outro vai lhe algemar
Até um outro o exorciza
Mas sou eu quem vai capar
O touro sabendo disso
Pegou a Aipim
E no mato se embrenhou
Isso não é papo pra mim
E logo a vaca emprenhou
E o patrão com rebuliço
O fato não aceitou
Não quero o bicho inteiro
Contrato até um doutor
Gasto todo dinheiro
Se necessário for
Mas vou rir por derradeiro
Não sinto nada de dor
Não vou usar torquês
Vou é bater no seu ovo
Comigo ele não tem vez
E digo isso pro povo
Curta Aipim viuves
E arranje um touro novo
O touro de tudo sabendo
Pois ali tinha fuxico
Parece patrão tá querendo
É usar do furico
Vou meter não me arrependo
A metade em seu rabicho
E se disso ele gostar
Não é meu o compromisso
E se ele engordar
Nada tenho a haver com isso
Vá pra Praça do Ferreira
Lá na terra do Alencar
A risada derradeira
Sou eu quem vai ter que dar
A disputa assim crescia
Já notícia de Pasquim
E logo depois nascia
O bezerro de Aipim
Cujo o pai o Ventania
Não comia só capim
Um dia tarde da noite
O patrão foi se banhar
E de repente um açoite
O fez todo arrepiar
Não é motivo pra mote
Mas ali no seu cangote
O touro tava a fungar
A moral dessa estória
Não se dá para inventar
Mas que touro tem memória
Não há de se duvidar
É uma coisa ilusória
Pois você não estava lá
Mas não sou eu o patrão
Que o queria capar
Deixo pra ti meu irmão
Podes ir e aproveitar
Um pedaço do rincão
Se isto lhe agradar