Seja este texto não uma despedida mas simples até logo, que o tempo, quando se dá conta dele, já passou. Nós mesmos nos espantamos continuamente com o fato de estarmos a receber amigos e parentes que ontem estavam encarnados e agora nos chegam, muitos deles com aspectos de anciãos, porque o labor de cada hora nos absorve e não percebemos que os fatos vão acrescentando-se uns aos outros, até que os recursos dos códigos biológicos se exaurem.
Neste nosso setor existencial, ocorre exatamente ao contrário, ou seja, o perispírito vai ganhando em perfeição, segundo os lauréis morais que temos a habilidade de conquistar. Um dia, passamos a ferro a vestimenta umbrática e a depositamos aos pés de nosso anjo guardião, que nos acolhe em seu seio de mais luz, para nos conduzir a páramos de maior bem-aventurança.
Diz-nos o nosso mestre Homero que está satisfeito, realmente, com o volume — compreensão e extensão — do conjunto das mensagens, que irão merecer comentários judiciosos dos mentores da Escolinha e que também poderão ser agasalhadas com benevolência pelos leitores encarnados. Os críticos mais ferinos, como sói acontecer ao término dos trabalhos, são os próprios autores, que sempre encontram peninhas para atrapalhar sua alegria, por estarem ansiosos para realizar algo cada vez mais perfeito.
Um dia, iremos ter de entender, para podermos explicar, a natureza da luz de que nos preenchemos, segundo o texto anterior. Podemos, porém, antecipar que, se para o sedento o que existe de mais importante é a água, também para os que se espojam no lamaçal dos vícios existirá algo que lhes representará uma luz de plena felicidade, que pode ser simples palavra de desafogo da compressão psíquica que o sentimento de culpa causa nos espíritos que perderam o incentivo pelo progresso.
Sendo assim, quando dissemos que a luz superior da eterna beatitude pode ser aquinhoada a qualquer ser, em qualquer circunstância, também estávamos a referir-nos ao fato de que momentos existem de completo despojamento dos elementos perniciosos, os quais podem quedar em estado latente, para um despertar mais sadio, após um vôo nas asas do amor divino.
Eis como gostaríamos que os nossos leitores saíssem desta obra, ou seja, sustentados por ideal de superior virtude, como se tudo fosse possível realizar-se sob o amparo dos benfeitores espirituais, porque ninguém mais haverá de recear o futuro, ainda que saiba que a luta prosseguirá em muitíssimos campos de nossa rústica personalidade. Mas bebemos da água lustral dos conhecimentos que as fontes cristalinas do etéreo são capazes de fazer manar e isso há de nos revigorar as forças combalidas pelas perdas inexoráveis de quem está a enfrentar as condições de vida imersas em fundamentos do mais rigoroso determinismo.
É assim que, ao cabo do dia, o planeta Vênus nos aparece como que a prometer a continuidade da vida, sem a irradiação do Sol, mas com o reflexo de sua luz a iluminar a sombra em que a rotação da Terra nos coloca. No dia seguinte, ressurge a aurora, a demarcar uma nova jornada cheia de promessas de realizações, e cada vez mais, sempre que nos lembrarmos de que Deus é pai de misericórdia, eterno criador e benfeitor de todos os universos.
Indaiatuba, de 20.07 a 26.08.98.
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