PODER PODRE
Num dia tão triste, o primeiro de maio,
Perdeu-se o sentido de toda uma vida,
Pois que, martelando em ferro frio, um raio
Conseguiu só esmagar a bela margarida.
Oh! Que vida triste! Oh! Quão tão triste vida!
Não adianta sequer fazer um só ensaio
Para socorrer quem já não tem mais guarida,
Restando-lhes refugiarem só num balaio.
Dos negros e índios, quem é o porta-voz
Para levar aos detentores do poder
O mais legítimo anseio de todos nós?
Não seja o presidente o nosso algoz,
Volte seus olhos a quem quer sobreviver,
Quase naufragando numa casca de noz.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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