Elegia à Loucura
Navego, barco sem rumo e cais
Deslizo entre águas abissais e desconhecidas
Envolta em nevoeiros densos e intermitentes
Escondo-me do brilho, rota da lua
Fechando-me no convés da solidão
Estrelas aventureiras, buscam-me pela escotilha
Numa tentativa de apoderarem-se de mim
Os dedos da melancolia em riste
Expulsam-nas com rigor e determinação
Deito-me no deleite da escuridão
Fico à deriva, retida em minhas brumas
Rejeito bússolas, mapas ou cartas de navegação
Os astrolábios inquietos, sinalizam-me caminhos
Dispenso luzes, faróis ou centelhas de compaixão
Desprezo bóias, botes ou coletes
Nada há a ser salvo ou resgatado
Mantenho-me distante do continente, terras firmes
Não quero calmante, sedativo ou camisa de força
Nem palavras de consolo, paliativo ou lenitivo
Visto-me da insanidade no melhor estilo
Lanço minhas âncoras nas tormentas
Buscando respostas para o que tanto desejo
Quem sabe, entre tantos mares as encontre
Ou talvez naufrague imersa em meus pensares...
© Nandinha Guimarães
Em 10.09.00
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