Usina de Letras
Usina de Letras
151 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62069 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50476)

Humor (20015)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6162)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Discursos-->Apesar de Tudo, Há a Esperança. -- 25/02/2002 - 21:55 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A despeito das inestimáveis conquistas científicas e tecnológicas, o homem, este ser racional, ainda não aprendeu a conhecer a si próprio e aos seus semelhantes. Ainda não aprendeu as lições básicas do amor. Do amor na acepção ampla do termo. E por isso, o homem ainda não está em condições de ser totalmente feliz.

Há um evidente contraste pairando no ar. Enquanto a maravilha da eletrônica coloca em nossas mãos equipamentos simples, como os microcomputadores, e nos concede a graça de - em questões de minutos, sem sair de casa -, caminharmos pelo mundo, conversando com pessoas que nunca vimos, de visitarmos museus e praças, ou coisas hoje consideradas corriqueiras, como fazer compras e controlar nossa conta bancária, há um contraponto vergonhoso, paradoxal, que é sua incapacidade para acabar com problemas aparentemente simples como a fome, a miséria e o descaso para com a natureza, seus rios, seus mares, seus animais, enfim, flora e fauna, aí incluída a espécie humana, que vem sendo destratada como se nada tivesse a ver com a nossa própria sorte, com a nossa própria vida, com o nosso próprio planeta.

Continentes inteiros, repletos de vida animal e vegetal são descartados, são barrados no”baile” pelos que detêm o poder. O poder de tudo fazer e que só desfazem. O poder do nada, ou para o nada. E a culpa pode ser resumida na falta de conhecimento do homem sobre ele mesmo. Nos seus defeitos, que crescem em proporções geométricas, enquanto suas virtudes andam a passos de tartaruga. E um desses defeitos de personalidade, com certeza, é a vaidade.

O homem vaidoso gosta das pessoas e das coisas quando essas coisas e pessoas se transformam em verdadeiros espelhos; espelhos que refletem a sua própria imagem. É a atração pelos espelhos. São os espelhos dos bares, das lojas, os vidros espelhados que duplicam e embelezam as imagens que só o vaidoso enxerga. Mas também há outros espelhos, por extensão do termo, em que se mira o homem vaidoso. Os espelhos das opiniões a seu respeito. O espelho impresso, que traz o seu nome com destaque, em meio a tantos outros, só o dele brilha mais, é visível. Seu nome gravado num CD, chamado pelo telefone, impresso na revista, é de uma visão única, especial. Nada mais interessa ao seu redor. O vaidoso fica horas e horas contemplando aquele espetáculo, aquela espécie de reconhecimento prévio que ele já esperava

Como soa bem seu nome ao telefone, escrito no envelope de uma carta. Quando o vaidoso escreve algo para o jornal, algum artigo, diminuto que seja, é o bastante para ele ler e reler várias vezes o seu texto. Todo o brilho do jornal parece que ocupou apenas aqueles centímetros quadrados da página onde consta seu texto com o seu nome.

O vaidoso não olha para os seus semelhante no intuito de querer vê-los, por dentro, descobrir ou interessar-se por suas necessidades. Ele aguarda, apenas, o reconhecimento do próximo ao descobrir o que ele pensa a seu respeito. Quando o vaidoso conversa com os outros, o assunto é sempre acerca de si mesmo, de suas coisas, de suas idéias, de seu trabalho. Ele não consegue entender que haja coisa mais importante.

Quando o vaidoso chega numa festa ele percebe que o ambiente mudou, para melhor. Foi a sua chegada, ou por causa dela, que o brilho do ambiente modificou. Até então estava faltando alguma coisa de melhor. Ele sente isso. Que o assunto vai melhorar. Que as pessoas, finalmente, vão aprender alguma coisa com ele. Vão admirá-lo. E ele não vê a hora de iniciar o espetáculo.

Eu, as minhas coisas, os meus problemas, as minhas realizações. Há pessoas que só parecem ver o seu próprio rosto. Não conhece ninguém profundamente. Os pensamentos e idéias dos outros não lhe interessam, não fazem qualquer sentido. Seus pensamentos são muito mais importante, mais lógicos, guardam maior sentido. Maior profundidade.

O escritor e jornalista Gustavo Corção, em “Lições de Abismo”, resume o perfil do vaidoso, segundo o qual : “todas as coisas, todas as opiniões, “são como o espelho de sua própria importância, da sua própria face, que para ele é a grande, a única realidade, em torno da qual o mundo inteiro é uma imensa moldura”.

Já Rafael L. Fuentes, Doutor em Direito Canônico pela Universidade de São Tomás de Roma, assim se expressa: “O deslumbramento do vaidoso, essa espécie de elefantíase personalista que o coloca no centro do universo – poderia encontrar uma imagem plástica na figura mitológica do Narciso”.

Como todos sabemos, Narciso era um jovem encantado com sua própria beleza. Um dia, ao ver refletido o seu rosto nas águas de um lago, sentiu-se tão atraído por si mesmo que ao tentar abraçar-se acabou morrendo afogado.

E quanta gente não conhecemos que, ainda hoje, continua afogado, asfixiado, extasiado, enamorado, enlouquecido pelo excessivo apreço e admiração que sente por si mesmo. Ainda bem que este mundo, que é feito de contrastes, consegue manter a esperança dos humildes, dos que sofrem, através do inestimável amor aos seus semelhantes, conforme assim praticou e nos ensinou a inesquecível Madre Teresa de Calcutá, cuja obra, por certo, outras madres farão surgir.

Domingos Oliveira Medeiros
25 de fevereiro de 2002

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui