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Artigos-->UM NOVO POETA CANADENSE: bill bissett -- 09/02/2015 - 17:21 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

                                                                                                                                                                     UM NOVO POETA CANADENSE: bill bissett                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  



                                                                                                                                                                                                                                L. C. Vinholes



  Os idiomas francês e inglês, oficialmente definindo o Canadá como país bilíngue, na realidade, dividem não só a população em geral mas, também os intelectuais em particular. São dois grandes mundos culturais: um concentrado na Província de Quebec e em determinados grupos das demais províncias do oeste, e o outro que se estende desde as áreas de densidade de população elevada na Província de Ontario até as Montanhas Rochosas da Província de Colômbia Britânica na costa do Pacífico, incluindo as imensas planícies das províncias centrais de Manitoba, Saskatchewan e Alberta. Ainda vamos encontrar um terceiro mundo cultural canadense, com idiomas próprios, que é o dos nativos, índios, inuítes e metis, vivendo principalmente nos Territórios de Yukon e Noroeste na Província de Terra Nova. Não podem ser esquecidas as inúmeras e variadas imigrações européias, asiáticas e africanas recebidas pelo Canadá e que formam as minorias culturais, atendidas e protegidas pelo Ministério do Multiculturalismo.



Se o Canadá francês recebe influência de suas origens no outro lado do Atlântico, o Canadá inglês hodierno identifica-se mais com os Estados Unidos da América do Norte e depende em muito da natural pressão econômica e cultural que estes exercem através dos mais variados e sofisticados meios de que dispõe.



Esta realidade não passa desapercebida a um cada vez maior número de intelectuais canadenses que, de uma forma ou de outra e sempre no âmbito de suas especialidades, procuram prestar a sua colaboração na busca de uma maior autenticidade e independência cultural.



No campo da literatura e no da poesia em especial, a renovação da linguagem e das formas de expressão tem despertado o interesse dos autores canadenses das novas gerações. Entre os poetas, e sem esquecer de que são muitos os bons, destaca-se o nome bill bissett que com suas providências, muitas vezes tidas como radicais, revolta àqueles apegados a tradição e preocupados com a alegada destruição das maneiras e dos modos usuais da língua inglesa. Os críticos mais violentos talvez nem saibam que, tecnicamente, o que bissett faz não é completamente novo e nem deixa de ser também experimentado por outros petas seus contemporâneos, em outros países e em outros idiomas. O que talvez seja novo em bissett e o que torna marcante a sua atividade no Canadá como poeta e intelectual é a sua constância, assiduidade, persistência e, principalmente, a sua coerência.



Na expressão de seus opositores, bissett mutila a grafia correta das palavras e destrói a sintaxe do idioma que usa. Na antologia “Poemas escolhidos”, 1962-1976, de bissett, publicada em 1980 pela Editora Talonbooks, Len Early registra que “o significado político do estilo bissett não pode ser nunca exagerado. Desde o início, ele tem mantido que a grafia “correta” e a gramática prescrita são instrumentos de opressão de classes e restrições traiçoeiras contra a imaginação e suas expressões. Sua peculiar composição e grafia, freqüentemente fonética, resultam numa declaração pessoal de independência com relação as autoridade lingüísticas em geral e as práticas poéticas tradicionais, em particular”.



Depois de estudar a nova poesia canadense, convenci-me da importância da obra de bill bissett e escolhi um poema da sua antologia “Medicina, minha boca em fogo”, de ‘1974, da Editora Oberon, para o texto da minha “Tempo-Espaço XIV”, de 1978, com partitura de leitura preparada e flauta só. O poema, sem título, começa assim:



                                                                                                                                                                         suk a



                                                                                                                                                                       soul lik tjs



                                                                                                                                                                soul eatin ths soul



                                                                                                                                                                     ya sukkin ths



                                                                                                                                                                       heer soul



                                                                                                                                                                        soul suk



                                                                                                                                                                      suk a soul



 



O “livro-poema estória colorida para ler na cama” intitulado “sa n his crystal ball” (Sachiko e sua bola de cristal), publicado em 1981 pela Blewointmentpress, é exemplo insofismável dos textos de bill bissett. O que neles lemos “as th littul king rushd down th secret stairs his green robe flying above his littul feet on th stone steps sa n ned wer still far from th yello turrets n red thatchd roof th blu eaguls flew ovr but wer entering th 7 kilometer tangerino path that led to th littlul kings castul”, os estudantes e conhecedores do inglês ortodoxo, não o da Escócia ou de Gales, escreveriam assim: “as the little king rushed down the secret stairs his green robe flying above the little feet on the stone steps sa and ned were still far from the yellow turrets and red thatched roof the blue eagles flew over but they were entering the 7 kilometer tangerine path that led to the little kings castle”.



 



bill bissett que conheci pessoalmente na visita que ele fez a Ottawa em 1979, nasceu em Halifax, em 1939 e vive em Vancouver. Nos seus muitos anos de intensa atividade tem merecido o apoio e tem sido recomendado às ajudas do Conselho Canadense de Artes por escritores e poetas do gabarito de Margaret Atwood, Dennis Lee, Eli Mandel, Earle Birney, P.K. Page, James Reaney, B.P. Nichol, Dave Godfrey e George Bowering, todos eles ganhadores do Prêmio Literário Governador Geral, o mais importante prêmio canadense para escritores e poetas. 




 




Nota do autor: artigo publicado em 22.08.1982 pelo jornal Dário Popular, de Pelotas (RS). Seção: Literatura. Página 27. O uso da reprodução do poema foi autorizado pelo poeta.O poeta, mesmo nas publicações e documentos oficiais, escreve seu nome com as iniciais minúsculas.




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