Corria o ano dois mil.
Todos nós, cá no Brasil,
Lhe esperávamos o fim,
Pois, entrando o ano um,
Não queríamos nenhum
Sucesso muito ruim.
Era o terceiro milênio
A descerrar seu proscênio,
Em plena felicidade.
A sorrir, o nosso povo
Queria ver algo novo,
Lá no campo ou na cidade.
Mas Jesus ficou calado,
Pedindo a cada enviado
Que cumprimentasse a gente,
Que lhe desse bons conselhos,
Que lesse seus Evangelhos:
Nada muito diferente.
Mas qual será a vantagem,
Se não muda a tal mensagem,
Nesse milênio de luz?
Nenhuma, se a criatura
Permanecer insegura,
Não vendo o amor de Jesus.
Mudar o procedimento
É bem de cada momento,
Do pior para o melhor.
Não coloque no futuro
Tornar-se um ente mais puro:
Saiba já as leis de cor.
E pratique a caridade,
Que, no campo e na cidade,
Haverá uma nova luz.
Benemerência cumprida,
É sinal de muita vida:
Assim que disse Jesus.
O tempo que vai distante
Pareceu-nos inconstante,
Por causa das turbulências.
O dia que agora passa
Há de estar pleno de graça,
Se houver paz nas consciências.
Não coloque noutra era,
Nem queira uma nova esfera,
Para crescer em bondade.
Estude determinado,
Ponha a preguiça de lado:
Piorar não há quem há-de.
Todo momento é importante.
É Jesus quem nos garante,
Em seus exemplos de amor.
Mui cansado da jornada,
Parecendo fazer nada,
Refletia sobre a dor.
Mandava que vigiassem
E, com amor, muito orassem,
Nos ambientes de calma.
Mas encontrava dormindo,
Seus conselhos descumprindo,
Quem tinha imperfeita a alma.
Perdoava os descuidados
Mas lhes dava os bons recados,
Insistindo com os velhos.
Queria vê-los depois,
Saindo, de dois em dois,
A pregar os evangelhos.
Pareceria pecado
Repetir o tal recado,
Nas searas espiríticas?
É que o povo, em seus estudos,
Seleciona os conteúdos,
Exercendo suas críticas.
Se Jesus voltasse à Terra,
Dando aos vícios dura guerra,
Não morreria na cruz,
Mas seria muito certo
Que estaria num deserto:
Eis como o bem se reduz.
Não sejamos pessimistas:
Do Espiritismo nas cristas,
Existe muita bondade.
Mas também muito egoísmo,
A fomentar otimismo,
Sem base na realidade.
— “Por que o povo há de sofrer?”
É que existe o bom dever
De ampará-lo nessas dores.
Se acabarmos co’a injustiça,
Vai terminar esta liça.
Não nos verão os mentores.
Não sejamos exigentes:
São bem pequenas as mentes,
P’ra tão grandes sacrifícios.
Se Jesus morreu na cruz,
É que tinha muita luz
E era isento de vícios.
Devemos ir devagar,
P’ras lições assimilar,
Em paz e boa vontade.
E é bom não esquecer
De que existe o tal dever
De praticar caridade.
Em sendo o povo comum,
No ano dois mil e um,
Tudo ficará igual.
Quem, hoje, pratica o bem
Amanhã irá, também,
Tentar desfazer o mal.
Não vai ser tão de repente
Que o coração desta gente
Vai mudar de opinião.
Vai passar, por sob a ponte,
A água que vem da fonte,
Em busca da imensidão.
Passa rápido o milênio.
Não haverá de ser gênio,
Para se esperar o quarto.
Se a paciência tem limites,
Com o emprego da sorites,
O coração tem infarto.
— “Se o terceiro vem com luz,
O quarto será de truz:
Por ele vou esperar.
Enquanto espero, proseio,
Indo e vindo, no passeio.
Por que me devo apressar?”
Eis o raciocínio certo
P’ra pôr Jesus no deserto,
A pensar nas tristes dores.
Antes que fiquemos velhos,
Sigamos os Evangelhos:
— É a voz dos protetores.
Espiritismo é auxílio,
É estudo sem exílio,
É tempo bem empregado:
Nós aqui, fazendo versos,
Vocês, nas carnes imersos,
Deixando os vícios de lado.;
Todos nós orando sério,
P’ra resolver o mistério
De como viver melhor.
Caso haja um outro assunto,
Vamos pensar em conjunto,
Que a lei se sabe de cor.
Vamos pensar em perdão,
Cada qual p’ro seu irmão,
Já que não somos perfeitos.
Amemos os semelhantes,
Cada dia mais que antes:
Jesus nos fará eleitos.
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