E P Í L O G O
Depois do amor, depois de mortificado pelo amor
Louvado enseja-se esta vigília da ressurreição...
Na alcova, a cruz do amor em refúgio retêm o olor
E na heresia, unta e separa o bálsamo da paixão!
Procuro a ressurreição nesta noite de céu tempestuoso,
Clamo o teu nome e invoco as lembranças do passado.
O amor não teme o tempo, aberto as chagas no meu peito
Pranteio as horas mortas, e em penitencia, soluça o silencio...
Hoje o que dirás? Vais então e espalhas aos ventos
Que o meu coração cravado pelo punhal da agonia
Suspira pelo ontem, e em luz, ressurge do momento
Ceifando todo calvário... oh! Talvez, pífia profecia...
Hás de chorar! As estrelas te dirão do meu queixume
E do amor que bebe na lua semeando pétalas de rosas.
Ah, teu coração de mármore... frio! Não sente o perfume
Pedra! Mata a flor do amor na contra luz da aurora...
Se o tempo é uma preguiça correndo como uma lesma
E sempre na mesma hora a lua se esconde do teu olhar.
Ai! Nada somos, lágrimas hão de molhar-te o rosto,
Então, o amor não é amor ou ninguém nunca amou!
Nhca
Abr/03
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