Minha negra, quão tarde houver concebido ao colo da noite sendas noturnas, vidas amantes,
Quão os olhos, ao firmamento azul escuro chegar e murmurar queixas da falta de minhas loucuras. Entendes de mim, o amor, que já sobrevivo de ti, a sentir, a sentir agonias falando amiúde ao meu peito.
Minha negra, ao relento nu das horas caladas, que ousares velar tal fraguimento, quero que sinta-se afavelmente beijada, cativada por cada pedaço, que deixo em desabafo desse momento tão distante de ti, tão quieto de saudades.
Minha negra,assim como essa terra nos divide, há uma vontade despida no ar, que desde agora me fez exaurir da raiz e no ádito da alma fecundar meus sentimentos sem dolo, um escravo, um par.
Minha negra, quiserá ter-te ao presente, quiserá de teu corpo salgado folgar a liberdade pra te amar, quiserá mostrar-te o meu âmago e quão de verdade há além da boca.
Minha negra, no postrídio estarei vivendo, não sei o que se fará, não quero só sonhar, pois a eternidade das coisas harmoniza-se com a sinceridade da vida.
Minha negra, eis que venho pela luz de teu quarto, pelo silêncio cálido de tua cabeça atinar contra o teu cansaço, em fala nativa dessa mortalha sentimental, a cingir-me o hálito humano, em cada vez, que eu for normal. |