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Artigos-->Reforma Agrária e Literária -- 30/03/2002 - 10:49 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Todo mundo deveria ter direito ao seu cantinho, ao seu pedacinho de terra. E todos deveriam, também, aprender a escolher as sementes para poder plantar suas melhores idéias e seus mais ambiciosos sonhos. Graças a Deus, em primeiro lugar, e depois à ajuda de meus pais, amigos e por esforço próprio, tive a oportunidade de aprender um pouco da jardinagem da vida, de escolher sementes, de preparar o chão, e de produzir, de início, pequenas flores e alguns frutos.



Tenho, portanto, o meu cantinho. Aliás, nesta vida, a gente vai aprendendo a descobrir e “invadir” vários cantinhos. Vários canteiros. Aproveitando todo o espaço que surge. Aqui mesmo, nesta pequena chácara de sonhos, neste espaço eletrônico, há vários pedacinhos de terra que formam uma colônia de agricultores que plantam sonhos em forma de flores e de frutos.



É bem verdade que, algumas vezes, nem todas as sementes dão frutos; não são todas as flores que nascem e nem todos os frutos são doces. Mas isto é normal. Como diz a sabedoria do povo, tem gente que tem a mão boa para plantar, e tem gente que não. E tem a questão do tempo. Às vezes, plantamos no dia errado. Mas, a cada dia que amanhece, ressurgem, junto com o sol, as chances de um novo aprendizado. Aprendizado que começa com a prática da humildade, passa pelo reconhecimento de nossos próprios erros, e chega até o nobre pedido de perdão. É o tempo de refazermos os canteiros. É tempo de mudar o adubo, de aprender a plantar com mais carinho. Desse modo, não tenho dúvidas, as flores crescerão mais belas e os frutos voltarão mais doces.



Aqui tenho o meu cantinho. E são vários os meus canteiros. Aqui planto minhas idéias e meus sonhos. É um canteiro pequeno, mas do tamanho certo, pois não tem propósitos econômicos, de produção e de comercialização. Aqui eu planto porque gosto de sujar as mãos com a terra. Com a mesma terra de onde viemos e para onde, por certo, voltaremos. Somos pó, não nos esqueçamos, e em pó nos transformaremos.



Aqui, a produção fica por conta da natureza. Não há a preocupação com a quantidade. O que der de frutos e de flores, parte é para consumo próprio. E a maior parte, a grande sobra, é para distribuir entre os meus semelhantes. Aí está, talvez, a minha maior alegria. Saber que estou, de certa forma, contribuindo para que as pessoas se alimentem com o fruto da experiência alheia, do saber vivenciado, do conhecimento adquirido, da esperança que foi transformada pelos anos em quase certeza.



E os próprios jardineiros, os que plantam e cuidam de pomares e hortas, também aprendem uns com os outros. Ninguém sabe de tudo. Trocam-se experiências. Corrigem-se uns com os outros. Aprendem qual o melhor adubo, como tratar dessa ou daquela doença, daquela praga, como identificar as ervas daninhas, as larvas e os mosquitos que atacam e destroem a nossa plantação, enfim. Um constante aprendizado que caminha para a perfeição.



Esta é a reforma agrária que mais desejo. Sem poeira, como aliás, deveriam ser todas as reformas. A poeira, quase sempre, é sinal de conflito, de lutas e de incompreensão pela distribuição e posse de um pedaço de terra. A poeira não deixa ninguém ver as coisas com clareza. Por isso, uma boa reforma depende, primeiro, de esperar a poeira da intolerância baixar. Só então, poderemos distribuir os pedacinhos de terra, como se fossem pedaços de um bolo de aniversário comemorativo do bom senso. Por isso, devemos continuar lutando, mais do que nunca, e em primeiro lugar, para que a reforma agrária se dê no campo da educação e, só depois, passar para o campo do trabalho e da produção.



Domingos Oliveira Medeiros

30 de março de 2002













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