Ah, meu querido Jorge, que susto você me deu! Quando li o nome de sua crônica, imediatamente pensei em nossa Tininha, em fase de recuperação da cirurgia grande por que passou. Tive medo de ler, tive muito medo de uma notícia ruim. Cheguei a dizer “ai meu deus”... pode rir... Transcrevi a crônica para o Word e comecei a ler pelo fim: “Hoje, livre de todos os problemas, minha pequinês transita pela casa com aquele olhar triste mas, feliz. Às vezes até faz xixi onde não deve e eu prefiro assim.” De novo disse “que bom, meu deus”... risos... agora também eu posso rir...

Você é realmente maravilhoso! Vi logo que não me enganei desde o começo de nossa amizade, que foi “amor ao primeiro e-mail”... É sensível, gentil, atencioso, leal. Para sorte de Tininha. Nem todos os donos fazem isso por seus animais. Alguns dizem: “é só um cachorro”. Outros abandonam seus animais doentes com a desculpa de não agüentarem vê-los sofrer. Covardes, se disfarçam de sentimentais. Esquecem que o animal sente tudo da mesma forma que nós sentimos: dores, descaso, fome e sede, abandono. E, como sabem amar infinitamente mais que nós, sofrem muito mais as nossas ingratidões. Ao socorrer imediatamente Tininha, você a salvou. Essa raça é muito delicada, um tempo de espera poderia ser fatal. Mas você não esperou nada, não a deixou correr risco nenhum. Hospital, veterinários, o que preciso fosse e não importa o que custasse. E até ficou deprimido, pensa que não percebi? Diagnóstico feito, dois dias de sofrimento até que os veterinários decidissem pela cirurgia. Você se dedicou inteiramente a ela, perdeu horas de trabalho, esqueceu-se de si mesmo, nada lhe deixou faltar. E agora, a assistência necessária no pós-operatório. E ela está aí, já abanando o rabinho e fazendo festas para seu dono. Dono? Que nada, você já merece ser pai de Tininha!... Merece que ela abane seu rabinho na mais perfeita declaração de amor! E acho até que, se for esperta, a dengosa Tininha vai aproveitar seu coração mole e pedir aumento de mesada!

Se digo que você foi maravilhoso, sei que vai dar de ombros e dizer que fez apenas sua obrigação. É verdade, obrigação de quem assumiu a responsabilidade ao decidir ter um animal. Acontece, Jorge, que, infelizmente, a maioria não age como você, não cumpre sua obrigação nem mesmo tem muita consciência de sua responsabilidade. E quando alguém o faz, a obrigação vira virtude. E temos que exaltá-la numa tentativa de torná-la exemplo. Quando trabalhei com animais carentes tive a oportunidade de ver muita gente como você. Mas, infelizmente, com a sua dedicação, vi poucos. Creia, meu amigo, você cresceu muito em meu conceito. Se um dia eu tiver que voltar a este mundo perverso, quero voltar em forma de animal. Se for cachorro, quero morar em sua casa... E agora, se eu tivesse um rabinho, certamente o estaria abanando pra você!...

Bem, o que quero mesmo dizer aqui é do quanto estou feliz pela rápida recuperação de Tininha e por tudo ter dado tão certinho, para nossa alegria. E viva Tininha, fazendo xixi onde quer que seja!