O ritual envolvente
Desde janeiro passado
O povo vem assistindo
Já anda desconfiado
O homem se comunica
É sincero, tudo indica
Mas só fala do passado
Mais de um ano no governo
Nada foi realizado
Muita frase de efeito
O país está parado
Verdade é para ser dita
O povo já se irrita
O circo está armado
Metáfora a toda hora
Pra ninguém botar defeito
Explica, mas não se entende
Pois o homem foi eleito
Para ser o presidente
Não pra enganar a gente
Com promessa de prefeito
De cidade pequena
Onde tudo se ajeita
Com histórias engraçadas
Que todo mundo aceita
A troco de dentadura
Com o pé na ferradura
Nem todo mundo suspeita
Seja por falta de emprego
Seja por outro motivo
Seja por causa do medo
O povo é bem cativo
Não luta por seu direito
Acredita no prefeito
Que promete o paraíso
Mas o Brasil é bem maior
Não precisa dar esmola
Com histórias em quadrinhos
Fala e diz que joga bola
Assim é o companheiro
Rega flor, é jardineiro
Fala muito o dia inteiro
Diz que é bom jogador
Meia, ponta e goleiro
De boca dá goleada
O seu chute é certeiro
Dez a zero na inflação
O Brasil é campeão
Assim diz o companheiro
Churrasco toda semana
É alegre o farofeiro
Está de bem com a vida
Viaja pro estrangeiro
Já encantou todo o mundo
Até a turma do Fundo
Sempre em busca de dinheiro
Sua palavra de ordem
Tem sido a negociação
Promete, depois da reforma
Melhoras na educação
Talvez a queda dos juros
Tirar o Brasil dos apuros
Combater a corrupção
Dinheiro não é problema
Assim foi dado o recado
Diz andar no rumo certo
Que nunca mudou de lado
Aguarda com ansiedade
E muita cumplicidade
Defendeu o aposentado
Pede muita paciência
Tira pedras do caminho
Costurando a política
De agradar o vizinho
Mas aqui dentro não muda
Ao seu povo pouco ajuda
A sair do buraquinho
Fala de um pé de feijão
Dá aulas de agricultura
Diz que é preciso plantar
Água mole em pedra dura
Leva tempo pra colher
Há que a terra revolver
Só assim vem a fartura
Não diz coisa com coisa
Esqueceu todo o passado
Promete sempre o futuro
O futuro eternizado
É um governo ausente
Até mesmo no presente
O tempo ficou parado
O Brasil é o Iraque
Onde o terrorismo grassa
O risco-Brasil aumenta
O dólar sempre ultrapassa
Armadilhas de montão
Pra cima da população
A destruição em massa
O viés da economia
Dá o tom da orquestração
Desafinando nos juros
Prejudica a produção
Já se prevê o futuro
Todo mundo no escuro
Por conta do apagão
Desafina e faz barulho
A orquestra do presidente
Não é bom o repertório
Falta músico competente
Só se toca de ouvido
Muito mal compreendido
Está muito evidente
Cresce o medo à procura
Pela oferta da esperança
Pelo primeiro emprego
Sobra bala em criança
O resto está tomado
Pelo crime organizado
Pela falta de mudança
Falta apega à liberdade
De pensar e de expressão
Ao direito adquirido
De nossa Constituição
Jogar pedra na janela
Sem comida na panela
Não é boa sugestão
Assim, não há quem resista
Manter a filiação
Ao partido coerente
De antes da eleição
Vou retirar meu boné
O Luiz virou José
Na terra da oposição
