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Artigos-->KIM SANG YU NA ESCOLA DE BELAS ARTES DE PELOTAS -- 28/09/2014 - 12:06 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



                                                                                                                                                KIM SANG YU NA ESCOLA DE BELAS ARTES DE PELOTAS




                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                L. C. Vinholes





 

No âmbito das festividades comemorativas aos 65 anos da Escola de Belas Artes, o Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas incluiu a mostra de obras de Kim Sang Yu, gravador coreano nascido em Inchon (1922), mestre em Filosofia (1948), professor de escola primária que, em meados da década de 1960, planejou imigrar para o Brasil. A mostra faz parte da programação da Primavera dos Museus 2014, foi inaugurada dia 24 de setembro e  está aberta à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.







Quando o médico José Mariano da Rocha Filho, primeiro reitor da Universidade Federal de Santa Maria, visitou Tokyo em 1967, a ele dei conhecimento da intenção de Kim Sang Yu e logo Mariano da Rocha interessou-se em contratá-lo para o corpo docente daquela instituição. Preparada a documentação de ambos os lados e aprovada sobre o ponto de vista técnico, o sonho do artista, de sua esposa e duas filhas menores desmoronou quando lhe foi informado que “minúsculo e insignificante nódulo no ápice do seu pulmão esquerdo”, reminiscência da Guerra da Coréia (1950-1953) e sinal de tuberculose, impedia sua imigração para o Brasil.







Kim Sang Yu admirava a linguagem dos gravadores brasileiros que conheceu na mostra realizada em Seul em 1964, pouco antes da abertura da Embaixada do Brasil naquela capital. Dos quatorze participantes da mostra elegeu a Isabel Pons, Iberê Camargo e Arthur Luiz Piza como os que mais lhe chamavam a atenção e aos três ofereceu exemplares de suas obras, encaminhadas por intermédio do Itamaraty.







Kim Sang Yu foi um homem modesto, simples, cordial, dedicado à família, ao magistério e à gravura, tendo produzido obras de grande expressão, com linguagem pessoal inconfundível, praticando, por vezes, um abstracionismo onde não deixa de aproveitar símbolos representativos da cultura tradicional do seu país, inclusive a reprodução de textos em hangul, caracteres fonéticos típicos do “alfabeto” coreano. Suas cores nunca foram vibrantes, com predominância de verde opaco de aparência pálida, talvez refletindo seu espírito e suas experiências nos conflitos dos quais participou como qualquer cidadão da sociedade da Península Coreana, há 60 anos dividida por interesses alheios a ele e à totalidade daqueles que ali viveram (e vivem) momentos de discórdia e de cobiça ao norte e ao sul do Paralelo 38.







A primeira exposição de Kim Sang Yu foi na galeria do Centro Nacional de Informações, em Seul (1963); participou da mostra coletiva da Associação dos Gravadores da Coréia do Sul (1964); de 1964 a 1969, como membro da Associação Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais (ISPAA), tomou parte das mostras em Osaka, Sakata, no Japão, e São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea; em Seul, Naha, Taipei e Kyoto no grupo Arte Contemporânea Japão-Coréia do Sul; da Bienal Internacional de Gravura em Buenos Aires (1968) e da Trienal de Gravura em Capri, Itália (1969). Desde sua imigração para o Havaí, há uma incômoda lacuna de 30 anos de informações a seu respeito.





 





Graças aos nossos interesses comuns pela arte, desde que nos conhecemos em 1964, construímos laços de amizade que perduraram e que em nenhum momento feneceram. Imaginando o melhor destino que poderia dar às suas obras – de muitas das quais fui guardião por quase meio século -, decidi doá-las aos olhos curiosos e ávidos de todos aqueles que frequentam o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. Acredito que assim, indiretamente, se concretize o sonho de Kim Sang Yu de radicar-se no coração do Rio Grande do Sul e de compartilhar seus conhecimentos com o povo gaúcho. Estou seguro de que suas obras serão arautos de uma mensagem de fraternidade que, embora tardia, se fará sempre presente.







Kim Sang Yu faleceu em 2002, aos 80 anos de idade. 



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