Estávamos todos à beira da piscina e quando digo "todos" me refiro a cada um dos mais de cinco mil usineiros aqui cadastrados, numa demonstração incontestável de que a licença poética faz com as leis da física muito mais do que faz com as leis gramaticais! Afinal só com muita licença poética para caber tanta gente numa chácara tão modesta em área construída.
Acontecia em meio a todo o verde daquela chácara tão aprazível, um churrasco organizado pelo Sr. Valdomiro para a confraternização dos usineiros. Grande Valdomiro! Grande churrasco! Grande USINA!
Tomando conta da churrasqueira estavam (como não poderia deixar der ser) dois gaúchos muito conhecidos aqui na Usina: o Saul e o Dom Kless. Grande dupla! Grandes amigos! Grandes brigões! Saul estava do lado esquerdo da churrasqueira e tomava conta da carne vermelha e Dom Kless, do lado direito espetava o Saul...quer dizer, as asinhas de frango. Dom Kless (é claro!) protestava o tempo todo dizendo que não era de direita e sim de centro, mas que devido à alta temperatura do centro da churrasqueira permanecia à direita. "Mas eu sou de centro!" resmungava; empunhando o espeto como quem não quisesse deixar qualquer dúvida quanto à sua orientação política.
Muito perto dos gaúchos, entre eles e a piscina estava Daniel Fiuza, sentado numa linda cadeira de vime e provavelmente cordelando em silencio. Apesar do calor ele tomava uísque, enquanto seu grande amigo ALAN BIQUE saboreava uma BRAHMA gelada a poucos metros. Ambos trajavam o mesmo tipo de roupas, calçavam o mesmo número de sapato, seguravam o copo do mesmo jeito, mas não eram a mesma pessoa; e disso, depois de muita confusão, até eu já tenho certeza.
Eu por minha vez não estava ali. Não por falta de convite, quero deixar bem claro, pois o Valdomiro me convidou e o Marcel Argarie até ofereceu carona em seu metró para que eu fosse. Minha presença porém era incompatível com a presença de todos ali, afinal, estando; não estaria aqui escrevendo a primeira parte de "Aconteceu no CHURRASCO da USINA!" a minha versão para as tantas mesas redondas que proliferam pela usina afora.
