Quem quiser contribuir
Para o seu próprio porvir
Há de estudar o evangelho.
Aproveite, enquanto moço,
Para receber o endosso,
Nos pensamentos do velho.
É preciso que Jesus
Contemple, com sua luz,
As atitudes serenas.
Para tanto, haja juízo,
Ou na lágrima ou no riso,
Pois tudo vem às centenas.
Os terríveis dissabores
Se confortam nos amores,
Em equilíbrio notável.
Eis a função dos estudos,
Se a moral dos conteúdos
Nas ações for aplicável.
Jesus obrou com paciência,
Ao valer-se da ciência
Do tempo quando viveu.
Hoje, existem, nesse plano,
Os resultados do engano,
Pois a lei não se entendeu.
Quem sonhou com a virtude
Necessitou ter saúde,
Para ajudar os irmãos.
E se o fez, doente, embora,
Vai perceber que vigora
A oferta dos galardãos.
A fileira dos amigos
Que nos vêm pedir abrigos
Cresce mais, a cada dia.
Felizes somos, por isso,
Pois fazemos o serviço
Que Jesus nos prometia.
Mas muitos fogem da liça,
Por desprezo ou por preguiça,
Num eterno “venha a nós”.
Para esses não adianta
Que a pregação seja santa,
Que seja o sermão feroz.
Em poesia cor-de-rosa,
Em negritude de prosa,
Não temem as conseqüências:
Fazendo tudo às avessas,
Vão querendo sair dessas,
Por graças de interferências.
Mas serão mal recebidos,
Por quererem ser sabidos,
Em tudo tendo vantagem.
Entre os homens, a tal lei
É só apanágio do rei.
Mesmo assim, muitos reagem.
No etéreo, então, é impossível
Acreditar ser falível
O predomínio do justo.
É que a lei que aqui vigora
Faz que tudo tenha hora,
E cada fato seu custo.
O contrário disso existe
Em ambiente mais triste,
Nas profundezas do abismo.
Nas regiões inferiores,
São vigentes os rancores,
Como explica o Espiritismo.
Mas quem quer o sofrimento?
Ninguém, num simples momento,
Se se pode ser feliz.
Comecemos, pois, agora,
Que se lamenta a demora
De lançar no bem raiz.
Se tivermos competência,
Entendemos a obediência
Como norma superior.
É que, acima desta gente,
Há quem seja inteligente,
Em seu papel de mentor.
Vamos lembrar de Kardec,
Cuja mente abria em leque,
Com muita sabedoria.
Mas obedeceu, desperto,
Julgando ser muito certo
O que lhe mandava o guia.
E não vá querer ser cego,
Pensando dizer: — “Eu nego
Que fui displicente nisso.”
Com responsabilidade,
É que alguém se persuade
A prestar um bom serviço.
E quem não tem competência?
Também não faça exigência,
Quando chegar sem vantagem:
Por mais triste seja a sina,
Algum ponto da doutrina
Há de cumprir, com coragem.
Quem enuncia a pergunta
Não será por si que assunta:
É por alguém impedido.
Sendo assim, é bom saber
Que há de ser seu dever
Sofrer p’ra ser reerguido.
Ao utilizar de argúcia,
Esqueça que existe astúcia,
Aja com honestidade.
Quando a pergunta é bem feita,
O protetor no-la aceita,
E responde co’a verdade.
Eis que está em nossas mãos
Evitar que sejam vãos
Os conselhos superiores.
Comecemos, desde já,
E impeçamos que se vá
O melhor desses valores.
Das crateras dos vulcões,
As lavas, em borbotões,
Se arremessam pelos ares.
Eis a figura tremenda
Que mostra ser estupenda
A mente dos avatares.
Borbulha a água das fontes,
Nas claras relvas dos montes,
Em ribeirinho que escorre.
Eis a figura singela
Que mostra ser muito bela
A mente que nos socorre.
Vá escolhendo a sua imagem,
Antes da grande viagem,
Que todos empreenderão.
É brisa, é vento mansinho,
É viração de carinho,
É a força do tufão...
Cada qual tem o seu lema.
Veja se não há problema
Em revigorar o seu.
Se estiver na caridade,
É segura a validade,
É caminho para o Céu.
O meu ficou preso ao verso,
Nem muito bom, nem perverso,
Quase sempre em desalinho.
Mas, ao falar de Jesus,
Toda estrofe ganha luz,
Toda rima é só carinho.
Só desejo agradecer
A quem cumpriu seu dever,
Não vendo a hora que passa.
Que Deus de nós se apiade
E perdoe esta ruindade,
Recebendo-nos em graça.
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