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Artigos-->OBSERVAÇÕES DO ARDAGA SOBRE "FAGULHAS", DE FILEMON MARTINS -- 16/08/2014 - 10:50 (Filemon Francisco Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



OBSERVAÇÕES DO ARDAGA SOBRE O LIVRO DE FILEMON MARTINS:


Caras irmãs e caros irmãos espalhados pela Mãe Gaia:



“Depois de passarmos pela ditadura militar, depois de recuperamos a

democracia, o povo readquiriu o direito de votar e escolher seus

governantes. Alimentamos novos sonhos, novas esperanças, imaginamos um

Brasil digno, decente, menos desigual e mais justo para com seus

filhos, mas a falta da caráter, a podridão, a ganância, a

desonestidade de nossos políticos cresceram assustadoramente,

amparados pela impunidade que toma conta do País.

A corrupção, ou melhor, os corruptos desviam verbas da educação,

saúde, habitação, segurança, saneamento básico, transportes, destroem

florestas, sugando o suor dos trabalhadores e dos aposentados do

Brasil inteiro, para suas contas bancárias no Brasil e no exterior.

Pior é que, aos poucos, novos escândalos vão surgindo e os velhos vão

caindo no esquecimento.”



“Não faz muito tempo, tivemos um presidente neoliberal que chamou os

aposentados de vagabundo. Uma ministra de estado disse que o povo era

apenas ‘um detalhe’. Para o ex-presidente da Câmara dos Deputados,

Severino Cavalcanti,, ‘reclamar do nepotismo é coisa de fracassado’.

Agora Lula diz que o brasileiro é comodista, ‘incapaz de levantar o

traseiro para buscar juros mais baratos’.

(...)

Ao contrário do que propalava em sua campanha eleitoral, o presidente

acolheu em seu governo pessoas de reputação duvidosa, para fazer

reformas e gerir recursos públicos. Como extirpar a corrupção e a

fraude, se o próprio governo mantém em seu seio, devedores do INSS e

fraudadores de todo jaez?

(...)

Imaginem se o presidente e o pelotão de elite do PT estivessem na

oposição, o que diriam da nomeação de ministros que freqüentam as

páginas dos jornais com escândalos todos os dias? E o que dizer das

promessas de campanha feitas ao sabor do vento, que o presidente não

cumpriu e jamais irá cumpri-las?

O que existe, de fato, é um plano de poder. Não importa os meios. Não

importa como. O que antes era antiético agora é ético, o que era

imoral, agora é moral. Tudo se resolve com um troca-troca de favores,

a muque do ‘mensalão’.”



“É necessário que o cidadão brasileiro ponha sua memória a funcionar

e, através do voto, possa expurgar do Congresso Nacional estes

‘profissionais’ da política que nada acrescentam ao país, mas estão

preocupados apenas com suas contas pessoais. Não é tarefa fácil,

porque de um lado, estão os representantes dos banqueiros, dos

capitalistas, dos defensores das privatizações do patrimônio público,

cujos resultados já conhecemos: o dinheiro escapa pelo ralo da

improbidade administrativa e o país fica sem patrimônio, sem dinheiro

e continua devendo e... muito.

Do outro lado, estão os falsos moralistas que pregavam a ética, a

moralidade e uma vez no Poder, tornaram-se elite e armaram esquemas

mirabolantes para engordarem suas contas pessoais. Não é possível

confiar em quem prometeu e nada fez para cumprir do que prometera. Não

é prudente continuar com que teve em seu redor uma verdadeira

quadrilha apropriando-se do dinheiro público, no entanto ‘não sabia de

nada, nunca viu nada’ e consequentemente não fez nada. A elite, os

banqueiros, os capitalistas e a Comunidade Internacional não têm do

que reclamarem.

Mas o povo que acreditou e confiou, agora está diante do descalabro

atual e com certeza tem do que reclamar: menos educação, menos

emprego, menos saúde, menos segurança, menos investimentos, menos

pesquisas e mais impostos, mais evasão de divisas, mais corrupção,

mais falcatruas e mais descaso com as estradas brasileiras. Acorda,

Brasil!”



Fonte: “Fagulhas”, de Filemon F. Martins, Editora Scortecci





Como é sadio na convivência intelectual há muito em que concordamos e

há muito, também, que vemos diferente. O Filemon (ainda) vê, no país,

uma democracia. Eu já não só não a vejo, mas afirmo: NUNCA houve aqui.

Há uma coisa etiquetada de “democracia eleitoral”. Que nós (reles

povão) permite escolher entre merda e bosta de quatro em quatro anos.

Sem que fizesse alguma diferença substancial. E mesmo aquilo que

promete ser diferente e contra, antes de chegar ao doce bolo do poder

vulgo carta branca (verde-amarela?) de roubar o que quiser e puder,

imediatamente após eleição vitoriosa cumpre com o papel secular: rouba

a todo vapor. (Você mesmo o descreveu acima.)



Também por isso repito: Enquanto o povo desumanizado – do Mundo – não

assimilar as oportunidades inerentes aos anarquismos (plural!) e,

também, seus feitos enquanto por períodos breves como na Espanha

pré-fascista em Ação através governos genuinamente populares – e não

manter interiorizadas as mentiras e distorções implantadas pelos (que

estão no poder) que têm razão de temê-los (as inerentes oportunidades

dos anarquismos), não haverá mudança essencial. E se a Rede

Sustentabilidade da Marina e da Heloisa milagrosamente chegaria pelo

funcionalismo da “democracia eleitoral” ao poder, e se ela – a Rede –

mais milagrosamente ainda, não se corromperia..., ainda estaríamos

longe de uma Democracia Plena. Do efetivo Poder do Povo.



Tampouco acredito mais (já acreditei!) que nem você naquela máxima do

“Bom Povo Brasileiro” vítima dos governantes ruins. O Brasileiro não

só vota nos bandidos por ingenuidade. Mas porque admira. E faria a

mesma coisa se estiver numa posição privilegiada (nos picos do poder).

É, num lado explicável pelo poder corrosivo do próprio poder. Más é,

também enraizado culturalmente no povo: o Jeitinho Brasileiro é que

criou e recria com cada dia o monstro do Jeitão Brasileiro. Da Liga

dos Campeões da Corrupção. Onde só craque joga. Do Sarney até

Odebrecht. Os intocáveis da Cleptocracia que mata quem estiver no seu

caminho.



E a esperança que, como se diz aqui com frequência, nunca morre, no

meu caso já ta meio moribundo. Porque com cada ano que passa (to

falando agora da minha permanente experiência empírica aqui no

Nordeste) percebo que fica cada vez mais difícil de encontrar uma

pessoa com a qual sequer conversar, trocar idéia. Porque trata-se de

um segmento de Brasileiras e Brasileiros em vias de extinção. Não é

acaso que sempre quando puder me “refugio” nas vilas mais remotas da

Chapada Diamantina (de preferência SM luz-para-todos). Onde ainda há

um punhado de velhos não-contaminados pelo ópio bombeado diariamente

nas cabeças da nação. Que, entretanto, não conseguem mais passar seus

valores (e sua independência) pros seus filhos e netos. A concorrência

da cultura do fútil e da submissão e do consumismo-über-alles

divulgada e atiçada pela mídia de idiotização e do controle em massa é

adversário forte demais pra esses velhos. Se resignam. Esperando a

morte levar eles pro um mundo menos alienado.



Gosto muito, entre alguns outros aspectos culturais da nossa região,

uma boa cachacinha artesanal. E são uns dos poucos momentos felizes

que tenho quando reunido com uns velhos (quase todos eles acima de 70)

num botequim numa vila nalgum ermo por aí. Gente que ainda tem a

qualidade de ouvir. Quase extinta já! Gente que só fala quando tem

algo a dizer. Mais rara que nem diamante. Não só aqui, na Chapada

Diamantina!



Mas no momento que entra um dos típicos “novos baianos” (ou

pernambucanos ou paraibanos, tanto faz) pago e corro. Pouco oi nada

importa se for roceiro ou (pior!) “doutor da cidade”. Porque é

garantia que a interminável e insuportável gritaria de banalidades

repetitivas (prefabricadas e inseridas no sujeito) começa. Tortura

(pra mim) que não me submeto mais. Antes amigo-da-onça! Prefiro tomar

minha pinga boa em casa ou no mato, muito obrigado.

E são ESSES (formados por Xuxa e Faustão e Datena...), meu caro amigo

otimista Filemon, que estão substituindo gradativamente os velhos. Em

termos de VOTOS inclusive.



E isto não me dá esperança nenhuma (que o país acordará). Antes medo.

(Mas espero muito de estar errado! Oxalá!)



Um Mundo – Um Amor – Muitas Culturas



PS: Escrevendo (e assim revivendo) estes horrores reais do país me

custa muita energia. E só consigo, que nem agora mesmo, numa escura

tarde chuvosa (aleluia!) com um contrapeso emocional. Escutando a

belíssima gravação de Rigoletto de Verdi do ano 1989 com Luciano

Pavarotti, June Anderson (...) e a “Orchestra del Teatro Comunale di

Bologna”.

Isto (me) ajuda a aguentar de ter que remoer o que vivemos aqui,

diariamente, ainda em escrito.



 




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