Jesus esteve tão perto
De sofrer, lá no deserto,
Mas os anjos lhe falaram:
— “Senhor, a morte, decerto,
Vai colher, de peito aberto,
Os que tanto o magoaram.”
Jesus suspirou profundo,
Por saber que todo o mundo
Iria sofrer tais dores.
Ele, um simples vagabundo,
Por que estaria jucundo,
Em tal deserto de amores?...
Respondeu aos bons amigos,
Que não viam tais perigos,
Com um sorriso de luz:
— “Não há no deserto abrigos,
Quando existem inimigos
Que querem pregá-lo à cruz...
— “O sofrimento de agora
Em toda a parte vigora:
Vamos ter de trabalhar,
A consolar a quem chora,
A atender a quem ora
E a quem não quer enxergar.”
Até hoje, em toda a parte,
Empregando a sua arte,
De consolar e atender,
Não há Pedro Malazarte,
Um só que a turma descarte,
Ao cumprir o bom dever.
Eis o resumo da história,
Em hora de pura glória
Do cristianismo nascente.
Não há de contar vitória,
Mas não é tão merencória
A realização da gente.
Cristianismo redivivo
Torna o socorrismo ativo,
Evangelho sempre novo:
O ideal de Jesus vivo,
Passado já pelo crivo
De muitos salvos no povo.
Se Jesus está presente,
Vamos, então, simplesmente,
Orar com mais devoção,
Convocando toda a gente,
Pois quem ama melhor sente
Do Senhor a vibração.
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