Oh! Língua-mãe
Gentil...
Flor do Lácio
Canção da procela
Em que Camões, triste,
Chorou no exílio!
Lira singela
Que (en)cantou Bilac
Na tuba de clangor
Que agora me entristece...
Quantos ultrajes sofres
De pequenos
Duendes que agravam teu pendor!
Quantas lamúrias
Fazem no mau uso
De textos reles
Amórficos
Pernósticos...
Quantas mortalhas
Semânticas
No assassínio
De rimas contundentes
A abstrair
Teu sentido latino...
Sofres na simplicidade
Com invenção de razões
Proféticas
Espanéticas
Apopléticas
Anti-éticas...
Língua-Pátria
Flor do Firmamento
Estrela sem véu
A luzir sobre os mares!
Antes te fossem
Consagrar nos altares
Do que te construirem assim,
Musa formosa,
Em verso tosco
Em vulgar prosa...
Tu que, até contundente,
Se devidamente usada,
Seduzes o ofendido
Que se rende ao teu augúrio...
E se curva
E retrata
e APROVEITA
Quanto de ti aprende
No reino alvissareiro
De tuas palavras...
Pois, com tua riqueza sem par,
Fazes
ARDER corações,
Enobreces almas em conflito
Que diante de teu penhor
Acalmam-se
No prelúdio
De tua doce
E sonora poesia...
Disse, alhures, na Cruz,
O Bom Pastor:
"Perdoa-lhes, Pai, eles não sabem o que fazem..."
"PERDOA-LHES, MÃE... ELES NÃO SABEM O QUE ESCREVEM.
E, SE ERRAM, É POR INOCÊNCIA..."
Milene Arder
Em desagravo à "Flor do Lácio"
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