MARIA JULITA NUNES
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Maria Julita Nunes
Recebi os teus pedaços
Que chegaram por inteiro
Sem fazer estardalhaços
Partículas do coração
Restos de muita emoção
Tuas dores, teus cansaços
Cada pedaço, um momento
Cada momento, o encanto
A lembrança e a saudade
A lágrima que já foi pranto
Escondida em teu rosto
Não esconde algum desgosto
Na poesia, no teu canto
Magia de tuas cores
Lembranças como rotina
A força do teu olhar
Gravada pela retina
O roxo de tua saudade
Faltando a tonalidade
Desilusão de menina
Desengano em preto e branco
De um amor descolorido
A cor do amor impossível
Do lenço branco estendido
A dolorosa ausência
A saudade em sua essência
O caminho interrompido
Do teu pai e do teu filho
Nostalgia e trajetória
Anos que são renovados
Guardados em tua memória
Pelas estações da vida
Abre de novo a ferida
Assim contas a história
Falas da sesta e do Natal
Dos palcos da violência
Sonhos loucos de agosto
Da morte sem clemência
De uma jovem radiante
Morta por um errante
Sem amor à existência
Tu és boa contadora
Qualquer que seja o sentido
Fazes o balanço da vida
Não se apega ao sofrido
Tens pedaços de ironia
Bom humor e harmonia
O teu verso é sortido
Teu salário que o diga
Cabe na palma da mão
É por demais resumido
Uma formiga no chão
Em versos a tua ironia
Reclama da covardia
Mui bela comparação
Termino este comentário
Agradecendo o presente
Teu sonetos em pedaços
Hão de encantar muita gente
Imagino-te toda inteira
Tens talento de primeira
Tens o coração da gente
Não poderei, como gostaria, destacar os cinqüentas belos sonetos de teu livro “PEDAÇOS DE MIM”. Mas, destaco o seguinte:
“Meu Marido Pederasta”
Quantos homens beijei com tua boca,
Quantos me enlaçaram com teu braço,
Quando chegavas de uma orgia louca,
E em mim descansavas o teu cansaço!
A tua voz embargada e rouca,
Teu corpo trêmulo num descompasso,
Não te davam coragem, muita ou pouca,
Para confessares teu amor devasso.
Separamo-nos! Seguimos linhas paralelas
Que, ai afora, jamais se cruzaram.
Nossos caminhos tornaram-se cancelas.
Recebi beijos que não eram teus
Aos homens que amastes e te amaram
Destes os beijos que seriam meus!
Querida Maria. Amei todos os teus sonetos; fui longe em minhas lembranças; também sonhei, busquei e tive lá meus pecados. Quiçá sejam todos perdoados. Pisei em pedras no caminho e rolei cantando com os pássaros; em minhas madrugadas de fantasia. Já fui bem mais jovem, e já sonhei muito mais. Já vivi de ilusões; Até hoje, em parte, vivo; acreditando no amor total. Tive, é certo, algumas paradas. Fiz lá, confesso, as minhas “burradas". Já andei na chuva sem proteção da tempestade. E vendavais passaram por meus caminhos. E cá estamos nós; nos conhecendo. Por causa de alguns pedaços de ti. Parabéns! A ti e à Campina Grande. Cidade que guarda os teus lindos pedaços. Abraços para ti e para o grande poeta e conterrâneo JOSÉ DANTAS; o garimpeiro que costuma encontrar as grandes pepitas de ouro puro, na terra fértil da harmonia e dos versos. Abraços. Domingos. Em 05 de janeiro de 2004. Que o ano seja bom para que todos os nossos sonhos se realizem.
