1. De acordo com a ONU-FAO, a população mundial deverá chegar de 10 a 11 bilhões em 2050 e para alimentar tanta gente será necessário que a produção mundial de alimentos cresça 60% para satisfazer essa demanda. Neste cenário, os países precisarão investir aproximadamente US$ 44 bilhões por ano na produção e distribuição de alimentos, cinco vezes mais do que os US$ 7,9 bilhões que são investidos atualmente. Por outro lado, a expansão da área destinada à produção de alimentos precisará de 144 milhões de hectares, sendo 107 milhões em países em desenvolvimento e outros 37 milhões nos países desenvolvidos. Conseguiremos? E não é só alimentos. Será necessária mais água potável e de pesados investimentos em energia elétrica. O Brasil é um país privilegiado, com 12% de água doce do mundo, mas a maior parte está concentrada na região amazônica. Também dispomos de 400 milhões de hectares de terras aráveis.
Eis as estatísticas disponíveis sobre a evolução da população mundial:
1804; 1 bilhão.
1934; 2 bilhões. (130 depois)
1960; 3 bilhões.
1974; 4 bilhões.
1987; 5 bilhões.
2013; 7 bilhões.
2050; 10 a 11 bilhões, previsões feitas de acordo com a fertilidade mundial, de dois filhos por mulher.
Nota: Brasil, em 1970, durante a Copa do Mundo, éramos “90 milhões em ação, salve a seleção,” e 44 anos depois somos 201 milhões!
2. Diversas regiões do mundo enfrentarão problemas para realizar a expansão de áreas destinadas à agropecuária. Além da falta de espaço físico, solos com baixa fertilidade e fontes escassas de água serão obstáculos para a produção de alimentos no futuro. Salvo melhor juízo, tempo virá em que as terras disponíveis para a alimentação de bovinos diminuirá significativamente, por isso especialistas apontam que as grandes regiões da América do Sul serão as principais produtoras de alimentos do mundo.
A FAO aponta que fatores como mudanças climáticas são fatores que podem interferir na produção de alimentos no futuro. As mudanças nos ciclos de chuva, por exemplo, podem alterar a composição química do solo. Como ainda não existe consenso sobre as mudanças climáticas que poderão ocorrer nas próximas décadas, é difícil prever o impacto que elas trarão sobre a produção mundial de alimentos. O grande problema da fome no mundo não está na produção, mas na distribuição. Enquanto aproximadamente 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo, governos dos Estados Unidos e de países da União Europeia subsidiam os fazendeiros para que diminuam sua produção! É o interesse econômico falando mais alto do que a vida humana, pois é preciso não deixar cair os preços dos seus produtos, enquanto milhões de pessoa passam fome, em especial na África. Não existe solidariedade, é o mundo cão do capitalismo selvagem, do salve-se quem puder.
Como bem alertou o representante da FAO no Brasil, o Sr. Dragomir Bojanic, "Falta vontade política para fazer esses investimentos," ao dizer que os governos investem mais do que deveriam em outras áreas, deixando a segurança alimentar para segundo plano. Ele disse que “a Costa Rica, por exemplo, suprimiu a verba das forças armadas para investir em saúde, educação e infraestrutura para produção de alimentos". Um bom exemplo para o Brasil e para o resto do mundo.
Bem a propósito, e paradoxalmente, cerca de trilhões de dólares são gastos em armamentos, de todo tipo. São as máquinas de guerra; da indústria militar; a maior do planeta, que consome mais de 4% do PIB mundial. Só o PIB dos Estados Unidos ano passado foi de R$15,9 trilhões de dólares, um pouco acima da China. Imagine quantos trilhões de dólares representa 4% a nível mundial! E pensar que toda esta dinheirama é destinada a matar pessoas e destruir bens. Estamos, deveras, vivendo num mundo civilizado? Mas, como diz o velho ditado “quem não ouve aqueta, ouve coitado.”