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Artigos-->INTERTEXTUALIDADE -- 05/06/2014 - 09:34 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Os mortos não vão tão depressa, como quer o adágio, mas

que eles governam os vivos é coisa dita, sabida e certa”.

(Machado de Assis)



Nada é limpo na alma do homem. Desde o pecado original. Desde a tendência de Eva para ceder ao impulso sórdido que lhe é sugerido pela serpente do suposto Paraíso. Mas, como pode haver Paraíso se há nele Satã? Nhaconaco na maçã. Certo que o anjo rabudo sob a forma de serpente vencerá Eva! Estava escrito na Mitologia e na Teologia da espécie Homo sapiens/demens. Não apenas neste, certamente em outros planetas de outros sistemas solares. Em, quem sabe ao certo?, quantas outras galáxias.



Se Eva não fosse supostamente tão inocente, certamente o casal adâmico teria uma oportunidade de continuar nele: Paraíso. Perdido. Ninguém escolhe viver uma vida de sofrimento e demência. Conscientemente. Por que Eva fora dotada pelo criador dessa tendência à volubilidade? Nessa e em outras esferas celestes? A história sapiens/demens no planeta Terra possui igual coreografia mitológica e teológica em muitos outros planetas e sistemas solares.



A partir do Paraíso Perdido, tudo é fenômeno cultural de intertextualidade no comportamento humano. Quando uma mulher traia o marido, e isso acontece milhares de vezes por dia, em todos os lugares do mundo: isto é Intertextualidade. Quando a mãe castiga o filho ou um irmão assassina outro irmão: isto é Intertextualidade.



Quando no livro do Gênesis Rebeca trai o filho primogênito, Esaú, e engana o marido com a conivência de Jacó, o filho mais moço, a traição que se verifica ao roubar o direito de progenitura dele, uma grande inimizade se afirma entre irmãos, com a conivência da mãe. Quantas milhares de traições semelhantes acontecem todos os dias, em todos os lugares? Quantas mães cedem ao impulso de uma simpatia maior por um filho em detrimento dos direitos de outro?



Pedro e Paulo, irmãos gêmeos no romance homônimo de Machado de Assis, Esaú e Jacó, são também divergentes e irreconciliáveis em seus interesses. Pedro, monarquista, Paulo, republicano. A rivalidade entre familiares no texto bíblico se repete no romance de Machado de Assis. Pedro X Paulo, Esaú X Jacó, a Intertextualidade presente. Milhares de anos depois de escrita no Gênesis, a história se repete através de milhares e milhares de vezes, de geração em geração, até chegar intertextualmente em nossos dias. As novelas e histórias de amor nas novelas e no cinema estão empanzinadas da Intertextualidade do beijo na boca e do “happy-end”.



Na mente humana, os chamados “neurônios espelhos”, são uma estrutura neurológica responsável por milhões de fatos, atitudes, comportamentos de personagens da história religiosa, teológica, familiar, social, política, jurídica, pessoal e coletiva, real e ficcional, que é um sem fim de repetições e de intertextualidades.



A mitologia grega, Intertexto de heróis além do tempo e da ultravida, filhos híbridos de deuses e humanos, ninfas, sátiros, centauros, sereias, górgonas: do Caos, Érebro e Noite Negra nasceram. Da Noite, Éter e Dia nasceram. Cronos pariu os Cíclopes. Conjuntos de divindades habitando colossos arquitetônicos além da imaginação, a exemplo do Panteão mitológico grego, surgiram Zeus (senhor do Céu), Afrodite (amor, sexo, beleza), Poseidon (mares), Hades (subterrâneos), Hera (maternidade), Apolo (luz e artes), Ártemis (caça, vida selvagem), Ares (guerra), Atena (sabedoria), Cronos (tempo e agricultura), Hermes (comércio e comunicações), Hefesto (fogo e trabalho).



Nas mitopédias (mitologias modernas) da literatura ficcional, ou na mitologia da antiguidade mais remota, nas epopeias, histórias, nas teogonias (doutrinas místicas concernentes ao nascimento de deuses), nos dramas românticos de natureza bissexual e homossexual (hermafroditas, misoginia, lesbianismo) no folclore e textos sagrados, há a presença de figuras ícones de sexualidade definida (Zeus não podia ver um rabo de saia que logo arranjava um jeitinho de nele se inserir) e indefinida (Aquiles e Pátroclos).



Há Intertextualidade na mitologia desses heróis e deuses nas novelas e nos filmes modernos. As artes plásticas, a dramaturgia, o cinema vivem desses heróis, deuses, príncipes e princesas dos gêneros ficção científica, ficção realista, fantasia, horror, contos de fadas, entre outros.



Nas mitologias antropofágicas realistas modernas, quem poderia negar, em tendo um repertório cultural adequado, que a Intertextualidade fotográfica, oral e discursiva dos políticos nos palanques, é uma interdiscursividade intertextual indigesta que provoca, não rara vezes, no circo dos horrores dos palanques eleitorais, o vômito entre os eleitores do tablado e entre os eleitores dos bares que, bêbados, de demagogia e/ou de etanol e/ou de futebol, tendem a vomitar fartamente ao ouvi-los: os políticos e suas demagogias discursivas incansáveis.



INTERTEXTUALIDADE

NA MITOLOGIA



A primeira mulher de Adão, segundo a Cabala judaica, Lilith, alegou ao criador ter sido criada da mesma matéria que Adão, por isso mesmo, dizendo-se igual, negava-se a ficar sempre por baixo dele no ato sexual. O Criador tentou convencê-la de que essa era a ordem natural da criação. Lilith não se deu por vencida e picou a mula do Paraíso.



— “Por que devo ser dominada por ti? Sou tua igual!” — disse a Adão. Sublevada, abandonou os jardins do Éden. Três anjos caídos tentaram convencer a vadia a voltar ao lar original. Porém Lilith juntou-se aos três e casou-se com Samael que, influenciado por ela, induziu Eva a comer a fruta proibida, e Adão a cometer adultério.



Lilith, vinga-se do Criador por tê-la preterido enquanto mulher do primeiro homem da espécie humana. Posicionou-se nos textos bíblicos mais antigos enquanto demônio feminino (súcubo) do vento da noite que vence as distâncias que a separam do seu par masculino, perturbando-lhe os sonhos e inserindo-se telepaticamente em seus desejos.



Nas escrituras hebraicas (Talmud e Midrash) Lilith significa uma espécie de demônio. Demônio ou espírito que se conduz através do ar em movimento, em diferentes temperaturas e pressões, nas mais variadas regiões atmosféricas. Segundo essa mesma tradição, utiliza-se da água como uma espécie de portal para seu mundo sensual.



A primeira fêmea do homem não deu certo, ou melhor, deu certo demais. Lilith queria a posse do corpo e da alma de Adão contra a vontade do Deus hebreu. A demanda pela posse da alma do primeiro homem da espécie Homo sapiens/demens travou-se entre o Criador e o demônio Lilith.



O desenvolvimento da humanidade iniciou-se com a corrupção de Eva. Por Lilith. E seus anjos caídos seduzidos por sua suposta beleza e sensualidade. A servidão humana à vaidade e à futilidade, aos cosméticos e ao vestuário da moda, reduziu a Babilônia à condição de sujeição e dependência a seus atributos físicos.



As lendas urbanas de vampiros que saem das tumbas à noite com a intenção de sugar o sangue (a espiritualidade) das mulheres e dos homens das cidades mais antigas, surgiram da sujeição do homem, descendente de Adão, primeiro espécie do espécime sapiens/demens, aos encantos dos súcubos e íncubos (anjos caídos rebelados).



Íncubos e súcubos alimentavam-se através do ato sexual pervertido, do sangue, da espiritualidade ou plasma, que se propaga através do desejo saciado via conquista do corpo e da mente humanas pela volúpia vampiresca da vaidade dos súcubos que, semelhante a sepulcros caiados, atraem as vítimas para suas alcovas sombrias.



Dificilmente alguém da espécie sapiens/demens consegue forças para sair do buraco negro da espiritualidade regressiva, uma vez caído nas garras de uma descendente de Lillith, ou de um homem de berço cuja relação de parentesco se confunde com aqueles três anjos caídos que fizeram-se amantes da primeira mulher adâmica.



Todas essas associações genéticas decorrentes da ascendência da progênie de avoengos do ADN de Lilith, sugerem um parentesco que através das gerações, desenvolveram comportamentos de pessoas, no plano pessoal e coletivo, que podem ser considerados sob o ângulo das relações sincrônicas com os fatos sociais ora vigentes na política.



A Intertextualidade genética sugerida a partir daqueles eventos míticos primeiros, parece-nos que se afirma e reafirma através das gerações de descendentes daquele casal adâmico primeiro, assim como da descendência da primeira mulher. Caracteres presentes hoje em dia nas proteínas e ARNs da informação genética atual.



A corrupção corrói todas as instâncias da sobrevivência sapiens/demens. A demência parece ter ganho os corações e as mentes, pessoais e coletivas, de tal forma, que fica difícil reverter esse processo de decadência mental coletiva vista nos programas de entretenimento assim como nos torneios internacionais das chuteiras estatais.



A INTERTEXTUALIDADE genética é fenômeno socio-político-cultural mórbido. Um fenômeno intertextual do berço explêndido mitológico de onde são provenientes as mais diversas divindades que supostamente, em todas as mitologias, afirmam cosmogonias semelhantes: deuses que originaram a cultura e a civilização sapiens/demens.



Afrodite, deusa grega do amor e da beleza sensual, seduzia deuses e mortais. Por si mesmo é um “Intertexto” de divindades da mais remota antiguidade através dos séculos e milênios. A exemplo de Ishtar (acádios), Anuket (egípcios), Semiramís (assírios), Europa (gregos e fenícios), Aine (celtas), Reia (gregos), Cibele (asiáticos), Perséfone (gregos), Deméter (gregos), Ceres (romanos), Yemanjá, Oxum, Uansã ou Iansã (afro-brasileiros).



São mais de mil os deuses da mitologia chinesa. Os primeiros foram Yin, representação do princípio da energia masculina: trabalho, força, vivacidade, vigor, energia ímpar. E Yang, representa a energia feminina em repouso: ausência de movimento, falta de plenitude, lugar sombrio, oculto, carência de luminosidade.



Os mitos nórdicos, germanos e escandinavos, Tîwaz e Odin, representam a força familiar patriarcal. Não pertencem a esquemas religiosas tradicionais. Originam-se dos textos Eddas islandeses (Edda prosaica e Edda poética). A família rural de guerreiros em luta virulenta pela prosperidade para os seus e as suas propriedades.



A mitologia japonesa narra a origem dos imperadores a partir de dois livros: Kojiki e Nihonshoki. Um casal de seres divinos originou o macho Izanagi e a fêmea Izanami. O casal ganhou dos deuses uma lança decorada com jóias chamada Amenonuhoko (lança do céu). Do casal nasceram as oito principais ilhas do Japão (Ohoyashima).



Cada rei ou dirigente de tribo africana poderia ser destituído de seu mando se desobedecesse a vontade e as determinações divinas dos deuses criadores (maiores), dos menores ou dos espíritos. São dezenas as mitologias afros: Ngewo (Serra Leoa), Amma (Dogon), Olorun (Yorubá), Zambi (Angola, Congo, Bantus).



Os astecas de Quetzalcóatl (“Serpente Emplumada”) trouxeram para a Terra os alimentos, a vegetação, a força da vida e da espiritualidade. Seus sangrentos rituais incluíam sacrifícios humanos. Tenochtitlán, sua capital, está associada ao trânsito de Vênus em volta do disco solar.



Maior parte dos livros da mitologia maia mesoamericana (3.000 anos até o séc. IX) foram incinerados pelos espanhóis. Dos três textos que sobraram da inquisição espanhola está o Popol Vuh (Livro do Conselho) que relata a criação do primeiro homem, o Chilam Balam e As Crônicas de Chacxulubchen.



Inti, deus sol inca, incorporado em Viracocha, supremo ser da água, da Terra do fogo e do ar. Alma gêmea da lua, esposa e irmã, Mama Quilla. Promoveu à criação dos humanos na Terra ao doar seu filho Manco Capac e a filha Mama Ocollo que ensinaram à humanidade a arte da cultura e da civilização desde a cidade de Cuzco.



Exemplos de Intertextualidade: Alusão, Interpretação, Imitação, Representação, Versão, Plágio, Tadução, Pastiche, Paródia, Arremedo, Epígrafe, Citação, Paráfrase, Paródia, Menção, Referência, Relação.



Epígrafe: trecho ou título de outra que mantém com ela alguma associação mais ou menos oculta. Citação: transcrição de texto de autor terceiro, citado entre aspas. Paráfrase: recriação de um texto existente, criado a partir da mensagem anterior de outro autor. Paródia: texto que recria o orginal, criticando-o de forma irônica.



Outras Intertextualidades: Pastiche: imitação de outros autores de obras nos mais variados gêneros literários e outros (pintura, música, escultura, dramaturgia). Tradução, adequação de um texto original de outra língua às expressões idiomáticas ao vernáculo de um país. Alusão e Referência: através delas se sugere caracteres secundários ou metafóricos do texto original. Sample: versos subtraídos de músicas usados na produção de outras. Bricolagem: intertextualidades nas artes plásticas, música e literatura.



Desde as mitologias de muito antigamente até os dias atuais, a história antiga, medieval, moderna, contemporânea, se reproduz indiscriminadamente através dos tempos idos, havidos, morridos, nascidos, renascidos, modernos, neo-modernos, neo-pós-modernos e futuros. Como diria Machado de Assis: “Os mortos não vão tão depressa, como quer o adágio, mas que eles governam os vivos é coisa dita, sabida e certa”.



Há intertextos que recriam o significado político, cultural e histórico de outros textos, de outros autores. Sugerindo novas interpretações e atualizações, conforme a poesia:



CANÇÃO DO EXÍLIO



O rio Tietê continua lindo

O rio Tietê continua sendo

O rio Tietê fevereiro e março

Alô, alô Morumbi, aquele

Abraço. Alô torcida do Coringa

Aquele abraço! Lullinha continua

Balançando a pança e buzinando

A Bolsa e comandando a massa e

Continua dando as ordens no

Terreiro. Alô, alô seu Lullinha

Velho ferreiro, alô, alô Sapopemba

Rio de Janeiro. Alô, alô seu Lullinha

Velho palhaço, alô, alô Pirituba

Aquele abraço! Alô Bolsa da

Favela, aquele abraço! Todo

Mundo da Portela, aquele abraço!

Todo mês é fevereiro, aquele

Abraço! Alô Banda de Ipanema

Aquele abraço! Meu caminho

Pelo mundo eu mesmo traço. A

Paulista já me deu régua e

Compasso. Quem sabe de mim

Sou eu, aquele abraço! Pra vc

Que me esqueceu, aquele

Abraço! Alô Vila Madalena

Aquele abraço! Todo o polvo

De Pinheiros aquele abraço!

Pessoal da Bela Vista aquele

Abraço! —Lullinha continua

Balançando a pança e

Buzinando a Bolsa

Comandando a massa

E continua dando as ordens

No Planalto. Alô, alô seu

Lullinha, Velho Barreiro

Alô, alô seu Lullinha, Rio de

Janeiro, alô, alô seu Lullinha

Aquele abraço! Alô Bolsa da

Favela, Aquele abraço, todo

Mundo da República, aquele

Abraço! Todo mês é fevereiro

Aquele abraço! Meu caminho

Pelo Mundo eu mesmo traço

A Paulista Já me deu, régua e

Compasso. Quem sabe de mim

Sou eu, aquele abraço! Todo Polvo

Brasileiro, Aquele abraço! Mas

O rio Tietê continua lindo.

O Rio Tietê continua os Quintos

O Rio Tietê continua centro

O Rio Tietê fevereiro e março

Alô, alô seu Lullinha, velho

Palhaço. Alô, torcida do

Flamengo Aquele abraço! Lullinha

Continua balançando a pança e

Buzinando a Bolsa, comandando a

Massa. E continua dando as ordens

No Salgueiro. Alô, alô seu Lullinha

Velho ferreiro, Alô, alô seu

Lullinha, Rio Tietê, Alô, alô

Seu Lullinha, velho mormaço

Alô, Alô Theresinha, Aquele

Abraço. Alô Bolsa da Favela

Aquele abraço! A Paulista já

Me deu, régua e compasso

Quem sabe de mim sou eu

Aquele abraço...



Resumindo, acreditamos não ser exagero afirmar que somos todos Intertextualidade daquele momento remoto de há 15 bilhões de anos (aproximadamente), o qual os astrônomos costumam denominar Big-Bang.



Somos todos metáforas do que se desdobrou depois das explosões originais que suscitaram o aparecimento de galáxias, estrelas de nêutrons, estrelas vermelhas, buracos brancos, buracos negros, buracos de verme, desde a criação da teoria pelo cosmólogo e padre belga Georges Lemaître, às linhas espectrais de luz observadas em Monte Palomar por Milton La Salle Humanson, às descobertas da Teoria da Relatividade de Einstein e às descobertas da Teoria Quântica por Einstein, Heisenberg, Plank, De Broglie, Bohr, Schrödinger, Born, Neumann, Dirac, Pauli, Feynman, entre outros.



Em síntese e de modo geral: somos todos Intertextos da poeira de estrelas.

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