Jesus saiu do deserto,
Para ver bem mais de perto
A fuzarca deste povo.
Tivesse conhecimento
De seu futuro tormento,
Retornaria de novo?
Claro está que do futuro
Ninguém se torna seguro,
Ao conhecer as pessoas.
Mas Jesus, clarividente,
Devia tê-lo presente,
Nas coisas más e nas boas.
Iria fugir da luta,
Por ser tanta a força bruta
Dos inimigos vorazes?
Chegou mansinho, cordeiro,
Deu-se às gentes por inteiro,
Certo do que eram capazes.
Essa a história de Jesus,
Donde vem a nossa luz,
Para os trabalhos do dia,
Pois temos, no pensamento,
Que seu exemplo é alento,
P’ra transmissão da poesia.
Quem cumpre com seu dever,
Sabendo que vai sofrer,
Receberá galardão,
Mas, ao final da aventura,
Há que honrar a boa jura
De ministrar seu perdão.
Quem é que recusaria
Ajudar na melodia
Convidado pelo Mestre,
Sabendo, embora, que a gente,
Como faz constantemente,
Firma a têmpera terrestre?
Talvez haja algum sucesso,
Se demonstrarmos progresso
Nesta versificação,
Não tanto pelos assuntos,
Mas por estarmos bem juntos,
Nas lides do coração.
Vamos falar da verdade,
Que é tema que persuade
Quem intenta melhorar.
Os que à toa voam tristes
Não comem destes alpistes
Nem pousam neste lugar.
Espiritistas irmãos,
Vamos dar-nos nossas mãos,
Em sã solidariedade:
Sofrimento repartido
Não será mui divertido,
Mas há de verter bondade.
Se Jesus voltasse à Terra,
Acabaria essa guerra
De fortes personalismos?
Ou atiçaria o povo
A pendurá-lo de novo,
Co’a força dos egoísmos?
Como Kardec veria
A ciência que queria
A dominar as consciências,
Percebendo que os inventos
Os tornaram desatentos,
Apesar das conseqüências?
Quem chega de supetão
Não percebe como são
Terríveis os sofrimentos:
Tem que adentrar as favelas,
Indo ao fundo das vielas
E buscar os desalentos.
A injustiça grassa forte,
Havendo quem não se importe
Com o futuro, no etéreo.
Se tiverem mais coragem,
Irão compreender a imagem
De uma cruz no cemitério.
As pessoas que não pensam
Julgam fácil ter a bênção
De Jesus, nosso Senhor,
Pois é no confessionário
Que encontram o missionário,
Com seu perdão sem valor.
P’ra tornar-se a alma um brinco,
É trabalhar com afinco,
Ajudando a quem precisa.
Aquele que apenas cobra
Recebe conforme a obra:
A cobrança se eterniza.
Valei-nos, Jesus, que a fúria
Destes versos gera incúria,
Na acusação desabrida.
Renovai-nos o otimismo
De que logo esse egoísmo
Vai esgotar-se na lida.
Serenamente, sorrimos,
Ao sentirmos, lá nos imos,
A esperança de servir,
Tendo Jesus no roteiro,
Por ter sido o pioneiro
Conhecendo o seu porvir.
Kardec viu, no futuro,
Que o mundo seria puro,
Se compreendesse a doutrina.
Trabalhou determinado,
Por se saber inspirado,
Conhecendo a sua sina.
Se tudo fizermos bem,
Conheceremos também
O porvir que nos espera.
Adquirindo as virtudes,
Deixamos as inquietudes,
Ao adentrar outra esfera.
Não é difícil saber
Que, ao se cumprir o dever,
Ter-se-á o galardão.
A complicação, contudo,
É saber qual conteúdo
Recheia cada missão.
É por isso que o evangelho
Não ficará jamais velho,
Pois resume as diretrizes
Que levam ao paraíso,
Para o que será preciso
Fincar, no bem, as raízes.
Quem ama a seus semelhantes
Fica bem melhor que antes,
Progredindo a cada dia.;
Mas não pode fazer versos
Cada dia mais perversos,
Que o leitor se afastaria.
Em resumo, é com Jesus
Que se consegue mais luz,
Para se vencer na vida.
Sem Kardec, todavia,
Só no etéreo se daria
A plenitude da lida.
Estudemos a doutrina,
Que a nossa vida se inclina
A perfazer a missão.
Vamos fazê-lo com gosto,
Um bom sorriso no rosto,
Fé e amor no coração.
Senhor, a turma que encerra
Esta jornada, na Terra,
Agradece a vossa bênção.;
E vos pede, humildemente,
Que esta poesia apresente
Os dons com que as gentes vençam.
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