Cálice da Saudade
Ouvi o arpejo dos sonhos
Desfazer-se na curva dos teus olhos
Bramiu em meus lábios, teu abandono
Beijos em taças que se quebraram
Esparramando desejos e frêmitos de amor
Escorreu em minha boca , o gosto da tua
Gota de veneno, já provando da tua ausência
Desandaram meus sorrisos fartos
Buscando exílio nos braços da solidão
Desataram-se laços, sangrando afagos,
Debruçaram-se no poente, meus abraços febris
Agonizantes em saudades,sob a vigília das estrelas
Que guiaram teus passos em minueto
Levando-te para o deserto dos teus silêncios
A brisa, ainda cúmplice, uniu nossos corpos
Sussurrando acordes de um último bolero
Notas ao léu numa cadência já perdida
Nos grilhões do teu adeus, acorrento-me
Bebendo ainda, do “bouquet” dos teus sabores
Que arfam em êxtase, guardados em mim...
© Fernanda Guimarães
Em 07.09.00
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