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Ensaios-->PORTUGAL FUTURISTA -- 29/05/2023 - 04:02 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

PORTUGAL FUTURISTA

João Ferreira

Apresenta-se aqui um pequeno resumo das manifestações futuristas na Literatura Portuguesa feito a partir da Revista "Portugal Futurista"que publicou o primeiro e único número em 1917 e que é a grande fonte que restou do movimento futurista em Portugal. Ofereço este resumo aos alunos dos cursos de Letras da UnB, Ceub, Católica, Iesco e aos alunos de todas as outras instituições universitárias com cursos de Letras no Distrito Federal.

I

FONTES PARA ESTUDO

O Movimento futurista nas letras portuguesas tem duas fontes essenciais para ser pesquisado. A primeira fonte é a " revista, publicação eventual,  Portugal Futurista", de que foi  diretor e fundador Carlos Filipe Porfírio e editor S. Ferreira.

A revista teve a colaboração de Santa Rita Pintor, José de Almada Negreiros, Amedeo de Souza-Cardoso, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Raul Leal e Álvaro de Campos [heterônimo de Fernado Pessoa], entre os portugueses, e de Appolinaire, Marinetti e Blaise Cendras, entre os estrangeiros.

A segunda fonte para pesquisadores e estudiosos são as obras dos autores que nela colaboraram cujos nomes assinalamos acima.

II

COLABORAÇÃO E TEMÁTICAS

2.1. Os Bailados russos em Lisboa. Texto assinado por Almada Negreiros, poeta futurista, Ruy Coelho, músico e José Pacheko, arquiteto.

2.2. Santa Rita Pintor. Texto assinado por Bettencourt-Rebelo, acompanhado de uma foto de Santa Rita Pintor, em tamanho de página, classificando o artista como "o grande iniciador do Movimento futurista em Portugal".

2.3. O Futurismo. Vida de hoje. O homem dominador. A tristeza e o sentimentalismo. O que é o futurismo. A sensibilidade da palavra. A Pintura e a Escultura. - Interpretações e tradução livre de F.T. Marinetti, Boccioni, Carrá por B.R. [Bettencourt-Rebelo]. Ilustrado com o quadro "Orfeu nos Infernos", da autoria de Santa Rita Pintor. Santa Rita pintou este quadro quando tinha 14 anos, no tempo em que era estudante da Escola de Belas Artes em Lisboa. Outros quadros  de Santa Rita Pintor ilustram as páginas seguintes:  "Perpectiva dinâmica de um quarto de acordar" e "Cabeça=linha de força. Complementarismo orgânico".

2.4. Manifeste des Peintres Futuristes. Texto em francês, sem tradução e ilustrado com obras de Santa Rita Pintor (Abstração congênita intuitiva" - 1915); de Amedeo de Souza Cardoso (Farol - 1914; Cabeça Negra -1914. Obras selecionadas entre as 12 reproduções apresentadas pelo pintor na exposição que fez em Paris). O manifesto, de  caráter internacional, é assinado por Umberto Boccioni (Pintor -Milão); Carlo D. Carrá (Pintor- Milão); Luigi Russolo (Pintor - Milão); Giacomo Balla (Pintor- Roma); e Gino Severini (Pintor - Paris). É apresentado  em francês e, no final do manifesto, os autores fazem suas declarações sobre a natureza futurista da arte, declarações que apresentamos com tradução nossa do francês:

NÓS DECLARAMOS:

1. Que é preciso desprezar todas as formas de imitação e glorificar todas as formas de originalidade;

2. Que é preciso se revoltar contra a tirania das palavras "harmonia" e "bom gosto", expressões demasiado el´sticas com as quais se pode facilmente demolir as obras de Rembrandt, de Goya e de Rodin;

3. Que os críticos de arte são inúteis e prejudiciais;

4. Que é preciso varrer todos os assuntos já usados para exprimir nossa turbilhante vida de aço, de orgulho, de febre e de velocidade; 

5. Que é preciso considerar como um título de honra o rótulo de "loucos" com o qual se tenta amordaçar os inovadores;

6. Que o complementarismo inato é uma necessidade absoluta em pintura, como o verso livre o é em poesia e a polifonia em música;

7. Que o dinamismo universal deve ser tratado em pintura como sensação dinâmica;

8. Que quanto ao modo de servir-se da natureza é preciso antes de tudo sinceridade e virgindade;

9. Que o movimento e a luz destroem a materialidade dos corpos;

NÓS LUTAMOS:

1. Contra as tintas betuminosas pelas quais se tenta obter a pátina do tempo em pintura modernas;

2. Contra o arcaísmo superficial e elementar baseado em tons planos e que imitando o modo linear de produção dos egípcios reduz a pintura a impotente síntese pueril e grotesca;

3. Contra o falso futurismo dos secessionistas e dos independentes que fundaram novas academias tão nocivas e rotineiras como as que as precederam;

4. Contra o Nu em pintura tão nauseante e detestável como o adultério em Literatura.

Terminando as declarações que perfazem o final do manifesto, os autores dão uma explicação do quarto artigo :"Explicamos este último ponto. Não há nada de imoral em nossa maneira de ver; é a monotonia do Nu que nós combatemos. Declara-se que o tema não é importante e que tudo está na maneira de o tratar. De acordo. Nós também admitimos isso. Mas esta verdade que era  inatacável e absoluta há cinquenta anos, já não o é mais nos dias de hoje no que se refere ao nu, a partir do momento em que os pintores, obsessionados pela necessidade de exibir o corpo de suas prostitutas, transformaram os salões de exposição em feiras de presunto podre. Nós exigimos por dez anos a supressão total do Nu na pintura!

Após o texto do manifesto do Futurismo e das declarações dos cinco pintoires que o assinam, a Revista PORTUGAL FUTURISTA  prossegue apresentando mais artigos. Retomando nossa numeração da temática da revista que interrompemos atrás, temos então:

2.5. O Abstracionismo futurista, novamente um texto em francês assinado pelo português Raul Leal, com a data de julho de 1917 para a  composição.O plano do artigo começa por apresentar uma divagação ultrafilosófica - Vertigem a propósito da obra genial de Santa Rita Pintor, "Abstração congênita intuitiva (matpéria-Força), a suprema realização do futurismo.

2.6. Saltimbancos (Contrastes simultâneos). 1916. Texto de José de Almada Negreiros, dedicado a Santa-Rita |Pintor.

2.7. Arbre. Poema inédito de Guillaume Appolinaire. Paris. [Em francês].

2.8. Três Poemas de Mário de Sá-Carneiro;

2.9. Episódios e Ficções do Interlúdio de Fernando Pessoa.

2. 10. A la Tour -1910. Du Nord au Sud Zenith Nadir. Poemas sobre a Torre de Eiffel, em francês, da autoria de Blaise Cendras (cópia de acordo com o manuscrito) dedicados  a Guillaume Appolinaire;

2.11. Mima-Fataxa sinfonia cosmopolita e apologia do triângulo feminino. Edição de Paris, de José de Almada Negreiros;

2. 12. Ultimatum de Álvaro de Campos.

2.13. 1ª Conferência Futurista. José de Almada Negreiros;

2.14. Ultimatum futurista às  gerações portuguesas do século XX. José de Almada Negreiros;

2.15.  Manifesto Futurista da Luxúria. Madame Valentine de Saint-Point. Texto em Língua Portuguesa, que termina com a frase: "A luxúria é uma força".

2.16. O Music-Hall; Manifesto futurista de Marinetti publicado plo Daily Mail de 21 de novembro de 1913. Texto em português. Dividido em duas partes principais: 1. O futurismo glorifica o Music-Hall; 2. O Futurismo quer transformar o Music-Hall em Teatro do assombro do record e da fisicoloucura. Datado de Milão, 29 de setembro de 1913.

Com a matéria de Marinetti se encerra o número 1 de Portugal Futurista. Custava, na altura, este número, 40 centavos.

Neste trabalho, usamos a edição facsimilada feita pela Contexto Editora de Lisboa, em 1981, precedida por uma breve introdução de Nuno Júdice sobre "O Futurismo em Portugal" (pp. V- XVIII), na qual, em resumo, fala don futurismo como nova atitude estética em Portugal e do grupo que atuou na sustentaçção e divulgação da nova estética literária, além de apresentar uma  cronologia do futurismo em paralelo com os principais acontecimentos literários. Depois da introdução de Nuno Júdice, segue-se  o longo e notável artigo "Para o estudo do futurismo Literário em Portugal", da autoria de Teolinda Gersão (pp. XIX-XL).

 

 

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