Usina de Letras
Usina de Letras
157 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Tudo Recomeçou....parte 4 -- 28/01/2003 - 20:56 (Lucilene Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cláudio me interrompeu:
-Um Padre frustrado, que nem pode ajudar ninguém.
Pois para isso teria que se resolver antes.
Como você pode me ajudar, se não entende o que sinto?
Você não sabe o que é amar, pois fez sua escolha, e foi errada.
Sinto muito, mas você jamais será um bom Padre e pior, jamais saberá o quando é bom amar, e ser amado.
Em seguida, saiu batendo a porta.
Eu que ainda estava próximo à janela olhei para o céu e como uma criança disse:
-Por que você esta fazendo isso, por que mexe tanto com nossas emoções?
Por que de repente seu brilho parece estar cegando a todos nós?
Lagrimas correram por meu rosto, fechei a janela. Como se assim pudesse fugir de você.
Mal dormi durante aquela noite. O sol já se fazia alto, quando me dei conta, que tinha que ir realizar a missa e ainda nem tinha me preparado.
Rapidamente, tomei um banho, fiz a barba, engoli um café velho e sai correndo.
Quando cheguei, a igreja já estava aberta, algumas senhoras estavam lá e sua mãe era uma delas.
Assim que a missa terminou, me senti aliviado.
Resolvi que iria dar uma volta.
Peguei meu carro e sai, sai meio que sem rumo, mas de repente, me vi no seu lugar secreto e para meu espanto você também estava lá.
Quando me aproximei, você sorriu e:
-Bom dia, que surpresa.
Pensei que tivesse esquecido desse lugar?
Meio sem jeito, respondi:
-Para dizer a verdade, sempre que tenho problemas, venho aqui para refletir.
Você me olhou com carinho e disse:
-E você esta com problemas hoje, posso ajuda-lo?
Nossa que idiota, deixe as palavras fluírem sem nem perceber.
Agora teria que achar um modo de resolver isso, então:
-Não sou bem eu que estou com problemas e sim o Cláudio.
Mas isso você já sabe, certo?
Você me olhou, caminhou e sentando-se sob aquela mesma arvore e disse:
-Por que será que as pessoas insistem em complicar as coisas? Gostaria de ajuda-lo, mas não posso.
Tenho meus próprios problemas e nem sei como resolve-los.
Como posso querer resolver os dele?
Achei suas palavras sentidas, como se você estivesse muito amargurada e então perguntei:
-Será que eu posso te ajudar?
Você sorriu e disse:
-Lembra-se quando te falei da historia do Pequeno Príncipe?
Pois é, já viajei, conheci pessoas, países, lugares lindos.
Mas como ele eu voltei, pois é aqui que esta Minha Rosa.
Nesse momento eu devia ter me calado, mas novamente falei sem pensar:
-E você a encontrou?
E você, com a voz embargada respondeu:
-Ela esta aqui sim, mas dela agora só restam espinhos.
Talvez eu não tenha cuidado direito dela, agora nem posso reclamar.
Você começou a chorar e tive que me controlar para não te abraçar e dizer o que sentia.
Sentei-me ao seu lado e:
-Sabe Izabel, às vezes fazemos coisas que depois nos arrependemos. Mas a vida continua e nós temos que continuar também a viver.
Você me olhou, enxugou as lagrimas e disse:
-Eu nunca me arrependo do que faço, embora às vezes sofra por isso. Mas me arrependo do que deixo de fazer.
Se tivesse tido coragem, hoje tudo seria diferente.
Levantei-me rapidamente, pois senti que as coisas podiam caminhar de um modo que eu não saberia mais como agir.
Você ficou me olhando e perguntou:
-Que foi, falei alguma coisa que não devia?
Lógico que não, você só falava a verdade.
Eu também me arrependia de não ter tido a coragem de largar tudo e ficar com você.
Mas agora era tarde, pelo menos era o que eu pensava.
Mas novamente me enganei, podia ter falado dos meus sentimentos, ter largado tudo e ficado com você.
Começaríamos uma vida juntos, nem que para isso, tivéssemos que lutar contra tudo e todos.
Mas eu era mesmo muito covarde, e novamente me calei.
E respondi:
-Não, não se preocupe. Pode falar o que tiver vontade, pois sou seu amigo e também sou um Padre, lembra-se?
Nesse momento, você levantou-se e:
-Lembro sim, mas...Melhor eu ir embora, desculpe.
Você foi embora sem nem mesmo me dizer adeus.
Se eu pudesse imaginar o que estaria por acontecer, eu a teria impedido.
Os dias foram passando, quase não via mais meu primo Cláudio, e você então, nem mesmo as missas, você ia.
Numa manha, quando terminei a missa, vi que algumas senhoras estavam reunidas num canto da igreja e faziam comentários e gesticulavam.
Fiquei furioso, pois detestava fofocas em minha igreja, então caminhei ate elas e disse:
-Por favor, quantas vezes vou ter que pedir, para que as senhoras não façam isso? Aqui não é lugar para fofocas.
Então uma delas disse:
-Desculpe, sabemos disso, mas é que não pudemos nos conter. O senhor já sabe?
Saber do que? Que coisas, aquelas senhoras me tiravam do serio às vezes.
Mas antes que eu pudesse responder ela continuou:
-O senhor já soube, que o namorado de Izabel chegou a cidade e veio para se casar com ela?
O namorado da Izabel?
Que historia era aquela, nem ouvi mais o que aquela senhora falava. Foi como se o mundo tivesse desabado sobre minha cabeça.
Senti um calafrio percorrer meu corpo.
Foi tão intenso, que por um momento, precisei me sentar.
E as senhoras que estavam na igreja ficaram me olhando e dizendo:
-O senhor esta bem? Padre Carlos, o que aconteceu?
Tentando me controlar, respirei fundo e respondi:
-Não foi nada, já estou melhor.
Mas quero pedir que as senhoras saiam, aqui não é lugar de falatórios e eu preciso descansar agora.
Elas me olharam e saíram de cabeça baixa, sem nem mesmo retrucarem.
Num esforço sobre natural, consegui me levantar e caminhei em direção ao altar. Onde me ajoelhei e comecei a chorar.
Não entendia o que estava acontecendo, tudo tomava um rumo que eu não conseguia aceitar.
Por que eu estaria me sentindo assim, por que o fato de saber que você iria se casar havia me deixado assim?
Depois de algum tempo, consegui ir pra casa. E assim que cheguei tive uma surpresa.
-Você aqui? Aconteceu alguma coisa?
E Cláudio respondeu:
-Você já esta sabendo?
Pela sua cara, parece que já.
O que vai fazer?
Eu não sabia o que responder, me calei, caminhei até a janela e senti que lagrimas corriam por meu rosto.
E Cláudio continuou:
-Pelo amor de Deus, não deixa isso acontecer.
Ela te ama, vai ser infeliz se casar com esse cara.
Você tem que impedir isso, só você pode, faz isso Carlos.
Eu nem sabia mais o que pensar.
Então me virei e gritei:
-Chega Cláudio!! Chega, eu não agüento mais isso!!
Estou enlouquecendo de tanto pensar nessa mulher.
Eu não posso, não tenho o direito e nem quero me envolver com ela. Por isso me deixe em paz!!!
Cláudio furioso voltou a gritar:
-Pois então seja feliz, seu Padre frustrado e deixe-a sofrer, pro resto da vida dela.
Só que tenho uma noticia pra você!!
Noticia? Do que estaria falando?
E ele continua a gritar:
-Sabia que quem vai realizar esse casamento é você?
Sabia que eu vou ser o padrinho?
Não você não sabia, não é mesmo?
Pois então seja feliz, porque eu vou estar lá, e quero olhar para sua cara, na hora em que você tiver que fazer isso!!
Cláudio saiu batendo a porta e eu mais uma vez, precisei me sentar, pois me sentia ainda pior.
Na manha seguinte, uma manha de domingo. Estavam todos na missa, inclusive você e seu namorado.
Assim que a missa terminou, como eu sempre fazia, fui ate a porta para me despedir e agradecer a todos.
Nesse momento você caminhou em minha direção e disse:
-A missa foi linda, parabéns.
Sorriu e continuou:
-Quero que conheça o David. Ele não fala muito bem nosso idioma, pois é Inglês, mas consegue nos entender.
Eu o cumprimentei e disse:
-Seja bem vindo a nossa cidade.
David sorriu e agradeceu.
Dona Clara, que estava junto com Izabel se apressou e disse:
-Temos que conversar precisamos marcar o casamento e Izabel tem pressa, pois quer voltar pra Londres.
Como Cláudio havia dito, eu teria que fazer aquilo, embora não quisesse.
E então respondi:
-Vamos ate a sacristia, e marcamos o dia e o horário.
Nesse momento, você me olhou, senti que estava profundamente infeliz.
Então, desviando o olhar, baixou a cabeça e disse:
-Mamãe, vai lá e resolve com o Padre Carlos.
A senhora sabe que eu tenho pressa, então, por favor, que seja o mais rápido possível.
Eu vou indo para casa, não me sinto muito bem.
Nesse momento meu coração disparou, pensei em falar alguma coisa, mas de novo me calei.
Você saiu e caminhou de mãos dadas com David em direção a sua casa.
Eu fiquei ali, te observando, imaginando como tudo isso estaria acontecendo.
Dona Clara me chamou e eu então voltei a realidade.
-Padre, o senhor esta me ouvindo?
Rapidamente respondi:
-Claro, estou sim.
Então dona Clara começou a falar sobre a data, que queria que fosse realizado o casamento e eu a convidei para que fossemos ate a sacristia e então eu confirmaria e anotaria todos os dados.
O casamento foi marcado.
O dia foi se aproximando e tudo foi sendo preparado.
Meu coração doía cada vez que um dos procedimentos acontecia. Mas eu me controlava e tentava superar.
Uma tarde senti que alguma coisa estava diferente. Sentia como se alguém me chamasse e me deixei levar por essa sensação.
Entrei no carro e comecei a dirigir, de repente parei e vi seu carro, então percebi que você e eu estávamos novamente no seu lugar secreto.
Por um instante, pensei e ir embora, mas como se algo me impulsionasse, desci do carro e caminhei, caminhei ao seu encontro.
De longe pude ver que você chorava e tentei voltar, mas nesse momento você disse:
-Não fuja Carlos, não desta vez.
Senti algo estranho, como você podia saber que era eu?
Em momento nenhum, você havia se virado, em momento nenhum eu fizera barulho?
Mas mesmo sem entender, caminhei ate você e respondi:
-Não vou fugir, mas como sabia que era eu?
E você sorrindo entre lagrimas disse:
-Já estou aqui a um bom tempo.
E durante esse tempo eu chamei por você, pensei ate em desistir.
Mas sabia que você me ouviria e viria até aqui.
Como você podia ter me chamado?
Eu não entendi aquilo, mas sabia que de alguma forma, meu coração havia te ouvido e por isso eu estava ali.
Você continuou:
-Preciso de sua ajuda.
Não quero que você se assuste com o que vou dizer, mas eu preciso falar, ou então morro com essa dor em meu peito.
Fiquei assustado, mas não te interrompi e você continuou a falar:
-Sempre te disse que voltaria, mas não pensei que fosse para sofrer. Que pena que isso tudo vá terminar assim.
Gostaria muito de poder mudar tudo, mas como já disse uma vez, deixei Minha Rosa morrer, e agora só me resta a dor dessa tão grande e insuperável perda.
Hoje quando acordei, depois de mais uma noite mal dormida, tive a sensação que essa seria a minha ultima chance de mudar tudo isso, pelo menos de tentar, mas vejo que mais uma vez me iludi.
Posso sentir o que esta em seu coração e vejo que você também esta sofrendo.
Mesmo sabendo disso eu vou ter que te dizer o que sinto.
Nesse momento eu a interrompi:
-Por favor, Izabel, melhor você não dizer nada.
Só vim aqui por que senti uma dor profunda em meu peito, mas isso não quer dizer nada.
Você se levantou, me olhou bem dentro dos olhos e disse:
-Que pena Carlos.
Que pena que mais uma vez, você deixe essa sua dor não significar nada.
Você tem razão, melhor eu não dizer nada.
Amanha eu estarei me casando e partindo de vez desta cidade.
Por que agora eu sei que não faço parte do seu mundo.
Estou sofrendo muito com isso, pois nem queria me casar aqui, nem queria que houvesse uma cerimônia, mas mamãe insistiu, e eu não quero magoa-la ou decepciona-la.
Só espero que você não se aborreça com minhas atitudes, pois sempre fui rebelde e alheia a todos os costumes, e não será desta vez que irei mudar isso.
Não entendia nada..
-Amanhã estarei lá, em sua igreja me casando, não porque eu queira isso.
Não espere que eu seja hipócrita a ponto de estar vestida de véu, grinalda e flor de laranjeiras, como seria o normal de todas as noivas. Eu não vou fazer isso, jamais seria capaz de faze-lo.
Quero que você me perdoe por tudo que eu tenha te feito e que me ajude, realizando esse casamento o mais rápido possível.
Não quero sermões ou discursos.
Quero que tudo seja breve e logo esteja terminado.
Assim que terminou de falar, estendeu a mão, despediu-se e foi embora.
Eu fiquei ali, te olhando e imaginando o que você poderia estar pensado quando me disse tudo aquilo.
Às vezes não entendia como você conseguia saber o que eu sentia e isso me assustava.
Fiquei ali por mais algum tempo, ate que resolvi voltar para casa.
No dia seguinte, a igreja estava repleta.
Então me aproximei do altar, rapidamente olharei para todos e me coloquei a espera do inicio da cerimônia.
Lá estavam seus pais, Cláudio e Mariana, mais um casal amigo, que seriam os padrinhos do noivo, e o noivo.
David estava radiante, sorria e olhava fixamente para a porta.
Começa a marcha nupcial, as portas se abrem, e você começa a caminhar em direção ao altar.
Nesse momento, todos se viram e olham admirados.
Você parecia um Anjo, usava um vestido azul, uma tiara de margaridas e na mão, trazia uma única Rosa.
Caminhou calma e firmemente, ate David.
Pedi que se ajoelhassem e comecei o casamento.
Pela primeira vez, eu não conseguia me lembrar direito das palavras, parecia que nunca havia feito um casamento antes.
Então me lembrando de suas palavras, mudei todo o discurso e disse:
-Quero começar, agradecendo a todos que vieram dividir com Izabel e David, esse momento de felicidade.
Mais uma vez, eu como Padre fico feliz de poder unir pelos laços do sagrado matrimonio esse casal e pedir a Deus que os abençoe.
Muito pouco tenho para falar, pois Izabel me pediu que fosse breve. Mas tenho que seguir alguns dos rituais e por isso agora pergunto:
-Você David, aceita Izabel como sua esposa e promete ama-la, respeita-la na saúde e na doença e bla, bla, bla.....
David sorrindo respondi:
-Sim
E então eu continuei:
-E você Izabel, aceita David como seu marido e promete, bla, bla, bla....
E você, com os olhos cheios de lagrimas:
-Antes eu preciso falar uma coisa.
Nesse momento houve um alvoroço dentro da igreja, mas você não se intimidou e continuou:
-Quero agradecer a todos que vieram e por respeito a mim, a David, a todos vocês e em especial a Deus eu preciso falar.
Confesso que nesse momento, fiquei com medo.
Mas não podia impedi-la:
-Estou aqui hoje, para agradar minha mãe, para dar satisfação a todos vocês e também por David, já que ele faz questão disso.
Mas em momento nenhum, vou jurar por Deus, uma coisa que não existe.
Estou me casando com David sim, mas ele sabe que não o amo.
Meu Deus, meu coração disparou.
As pessoas começaram a cochichar, mas você não se intimidou:
-Jamais poderia ser hipócrita e jurar uma coisa que não é verdadeira. Caso-me com David sim, porque o respeito, porque ele me respeita e até ama. Mas jamais vou jurar por Deus que é ele quem eu amo.
Cláudio parecia feliz com aquela situação, dona Clara chorava sem parar, a igreja inteira fazia comentários e eu, nossa, eu estava morrendo de medo, do que você iria falar.
Mas você continuou:
-Sempre fui considerada uma sonhadora.
Sempre me disseram que eu não conseguiria.
Mas se enganaram, fiz tudo que um dia me propus a fazer.
Estudei, viajei, conheci vários paises e como prometi voltei.
Só que tarde demais, mas mesmo assim voltei.
E hoje estou aqui, para dar uma satisfação a todos que um dia me julgaram sonhadora.
Realmente eu sou ou fui, pois hoje terminam aqui, todos os meus sonhos.
Espero que vocês possam me perdoar, por esse desabafo, mas jamais mentiria a Deus.
Então agora posso responder a sua pergunta Padre.
Sim eu aceito David como meu marido e prometo que vou fazer o possível para que ele seja feliz........
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui